terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sem amor nada seríamos...

Vejo sua imagem em meio à névoa...
É dia?
Noite?
Não sei...
É passado?
Presente?
Como saber?...
É sonho?
Realidade?
O que importa?...
Sinto você tão perto...
Vejo-o tão longe...
Como pode ser paradoxal o amor...
Incontestável...
Irreal...
Piegas...
Assim é o amor!
Faz-nos tolos diante do outro...
Fracos diante de nós...
Sem palavras que o expliquem,
Emudecemos...
Porque diante do sentimento...
Não é preciso palavras...
O amor verdadeiro
Floresce no silêncio...
Cresce na ausência...
Torna-se colossal na distância...
Quando estamos perto demais,
Enxergamos nossos temores,
Revelamos nossos defeitos,
Porque tudo o que tememos...
É perder aquele que amamos
E por isso deixamos morrer nossos enigmas,
Entregamos ao outro todos os segredos,
E uma vez assim...
Refletimos no espelho imortal...
O ser que somos
Destituídos de máscaras...
Vestidos de si mesmo...
Não percebemos que dessa forma esquecemos
Que o amor necessita do encanto...
Necessita do fetiche
Da sedução e da conquista constantes...
Não percebemos que sem esse brilho
Nossos sonhos ficam cegos para o amor...
Apontamos as falhas,
Criticamos e somos criticados,
Perdemo-nos diante do que sentíamos,
Deixamos que o caos se instale na alma,
Invadindo-nos e devastando-nos,
Sufocamos o outro em nome do amor...
Esquecemos que sem saudade...
O amor murcha e morre...
Pois é este sentimento intraduzível
Que mantém a chama do amor acesa...
Que precisa da presença,
Mas que se amplia na ausência...
Que nos presenteia com a áurea de mistério,
Que nos faz valorizar o outro ao nosso lado...
Sem a necessidade de explicações inexoráveis
Que nos permite inefavelmente tocar no outro
Com os olhos da alma...
Ouvir o sussurro de sua voz aos nossos ouvidos...
Deixarmo-nos levar pela pieguice do amor...
Porque aquele que ama não tem medo
Torna-se verdadeiramente ridículo
Simplesmente por aprender a ver
O mundo com outros olhos
Há receios sim, mas acima de tudo
Há amor, um amor que sobrevive ao tempo
Que vive de lembranças
Que cola os cacos
E que ressurge como fênix
Todas as vezes que pode deixar exaurir
Suas foças na chama crepitante da paixão
E assim depois de toda a tempestade
Da dor, das lágrimas, da solidão
Haverá um instante que a saudade
Inebriar-se-á e diante disso podemos
Vermo-nos nus,
Sem a vergonha ou o preconceito,
Pois conseguimos despir-nos de tudo...
Para sermos nós mesmos...
Simplesmente por amor...
Porque sem amor nada seríamos!

2 comentários:

  1. Lindo texto! Acredito que os poetas traduzem os sentimentos que nos 'mortais' também sentimos, porém, não conseguimos expressar.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada! Na verdade todo "mortal" tem um pouco de poeta ou da poesia da vida dentro de si, mas deixa que agruras do tempo despejem sobre ela e sobre si mesmo a rudeza do cotidiano... A poesia está dentro de nós, esperando ser sentida, vivida, concretizada, mas muitas vezes preferimos "fingir" que somos fortes e invencíveis a ela, não nos despimos de nossas armaduras e amarguras para simplesmente sentimos e vivermos coo fazem os poetas, pelo menos dentro de sua poesia...

    ResponderExcluir