quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O beijo do entardecer


Estou aqui...
Caminhando pela orla da praia
Pés descalços
Alma em frangalhos
Coração dilacerado...
Minha vida em cacos:
Pedaços coloridos de outrora,
Pedras cinza de agora...
A intensidade dos sonhos...
A crueldade... a realidade...
As ondas banham-me os pés,
Sinto a água fria a me tocar os tornozelos,
Ouço o marulho,
Sinto a brisa fria da despedida...
Longe vejo o sol se por...
Despejando raios de fogo no céu...
Desenham  novas direções
Fecho os olhos para afastar a dor
E no horizonte supremo
Vejo o beijo do entardecer
O feminino: terra e o masculino: céu
Delineiam sobre mim os matizes da noite
Ainda sem lua...
Mas repleta de estrelas no seu pálio aberto!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Pegasus




Através de versos, de poesia e música...
Podem-se auxiliar os outros...
Levar sonhos e tocar na alma,
Transmutar palavras em emoções...
É possível despertar poetas adormecidos
No âmago dos corações...
Que se encantam com as palavras
E se deixam levar pelas metáforas aladas.
O poeta que me sopra palavras,
Canta versos de amor 
Para um coração despedaçado
Mais uma vez pela dor...
Ele descreve lugares,
Compõe rimas que eu não sei precisar,
Despeja sobre mim as cores de outrora,
Pede que eu desperte da letargia
Que me impediu de sonhar...
Estava morta em vida, zumbi de mim mesma,
Que se deixou levar por medos e fraquezas...
Até que um sopro de vida,
Despejou luz sobre minha escuridão...
Só então vi o caos do meu destino,
Destroçado por más escolhas...
O poeta gritava, clamava aos anjos...
Despertei, retomei as rédeas
Pude, finalmente, ver Pegasus
Alçando voo rumo ao futuro...


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Labirintos




O olhar se perde
Por intrínsecos caminhos...
São muitas as direções
Excessivas, as formas.

O eu em mim delineia sonhos,
Rascunhos de emoções
Sentidas, (re)vividas
Numa maquete de ilusões...

Desfigura-se o passado,
Verte-se em imagens desnudas
Sem máscaras ou medos:
Alma banhada em lágrimas...

Asas torpes, sem forças para voar
Dedilham o vulto premente...
Abraçam a utopia vigente...
No a(cor)dar da Alma errante...

Diversas veredas, sendas perdidas...
Desejos silenciados, preces veladas...
Desvendam e dissimulam enigmas:
Labirintos d’O caminho do Amor!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Pássaro Ferido




A luz dourada do sol
Despeja sua cor pelo amanhecer...
Ouço o clamor de um ser emudecido,
Encarcerado nas profundezas...

Seu canto rouco rompe a aurora,
Suas asas estão feridas,
Seu olhar é triste,
Suas penas são cinza...

Sua gaiola dourada desbotou,
O viço de sua cor perdeu-se...
Pouco resta do que foi,
Não reflete mais sua essência...

Espera alcançar a luz,
Mesmo que das estrelas...
Precisa quebrar grilhões
E alçar voo rumo a si mesmo...

Ainda há tempo,
Mas sua agonia sufoca-me...
Sua voz precisa da luz
Suas asas, do sol...

É dia? Noite?
Onde estão as flores?
Posso sentir o perfume
Só o tempo curará tamanha dor!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Vozes



A voz do coração clama sem fim
Pedaços diversos

A voz do poeta despeja sobre mim
Palavras e versos

A voz da calma perfumada de jasmim
Perpassa os corpos

A voz do sonho busca um sim
Partilhado e controverso

A voz da alma ressoa no jardim
Por entre estrelas e perfumes raros

A voz do anjo com seu clarim
Perscruta meus universos oníricos!

domingo, 2 de setembro de 2012

Desígnios


Deus é sábio em seus desígnios...

Deu-me a tempestade
Para que saiba o quanto vale a calmaria...

Deu-me a escuridão das horas taciturnas
Para que eu pudesse conhecer a beleza luz...

Deu-me a força das palavras
Para que eu pudesse em versos tocar a alma...

Deu-me a voz do poeta
Para sussurrar em formas o contorno das metáforas...

Deu-me a luz das estrelas
Para me guiar nas minhas noites de angústia...

Deu-me o dourado do sol
Para que eu pudesse ver as cores de suas aquarelas...

Deu-me o perfume das flores
Para que eu pudesse despejá-lo sobre você...

Deu-me você e este sentimento avassalador
Para que eu pudesse conhecer outra forma de amor...

Deu-me você e tirou-me a paz
Para que eu pudesse compreender a dor...

Deu-me você e entre nós interpôs a distância
Para que eu pudesse sonhar sem medida...

Deu-nos a possibilidade do amor
Para que compreendêssemos um ao outro...

Mesmo que nossos olhos jamais se cruzem!

Vencer


Uma agonia insondável
Devasta os confins da alma...
A metamorfose, causa constante da dor,
Despeja cores sobre mim...
O contraste, os conflitos, o caos
Varrem meus cacos...
Numa tempestade de areia
Que se despeja assim:
A poeira do que fui,
Os sonhos perdidos,
Os fragmentos do agora...
Sinto o arrepio da despedia...
Não há mais como voltar...
Este é um caminho sem volta...
Sinto-me desnuda,
Não há máscaras
Capazes de escamotear a dor...
Vejo minha imperfeição,
Percebo minhas falhas...
Preciso ser forte,
Mas me compadeço da minha fragilidade...
Queria ser fria, insensível,
Porém estou como um pássaro ferido
Sem forças para voar...
Rogo a Deus perdão...
Está tão triste o meu coração...
Nego minha culpa,
Porque meu maior pecado
Foi amar demais...
Entregar-me demais...
Acreditar demais...
Expus-me à dor para não vê-la
E ela dilacerou-me com sua lança...
Transcender é necessário,
Mas minhas asas ainda não estão prontas...
Há vozes vertendo luz
Para aliviar minha angústia...
Elas não me deixam sentir tão só...
Preciso do abraço da paz...
Do olhar de sonho derramando sobre mim
Centelhas de esperanças...
Entrego a Deus minha dor,
Meu coração dilacerado
E a tempestade que me rasga a alma...
Tenho fé que, em breve,
Haverá o tempo da bonança
E que mesmo fraca poderei voar...
Esta passagem é parte
Do processo de transmutação...
Peço forças para suportá-lo...
Peço perdão por ter esquecido
As promessas do passado...
Por me deixar conduzir, sem lutar...
Que a luz do Divino Mestre Jesus
Possa ser derramada sobre mim...
E sobre meus sonhos plantados na alma...
Que eu possa vencer minha própria escuridão
E permitir assim que a luz do amor
Que por tanto tempo aprisionei...
Floresça... Resplandeça... Vença sempre!