Por entre os escombros de
ontem
Perambulo descalço pela
orla da praia
A solidão e a solitude
emergem de mãos dadas
Confrontam o vazio da alma
que se atira ao precipício da psique
Eis que estou diante de um
impasse:
A sensibilidade aguça-me
os sentidos
Será este um poço de
desejos?
Ah... querer, poder e sentir?
Cheiros e toques
Imagens e sons
Turbilhão: tempestade do
devir
Suavidade da brisa: porvir
O que pedir diante do
abismo?
Inverter as polaridades
que se escancaram
Em tantas e tão diversas
esferas?
Seria possível encontrar
um outro caminho?
Quem sabe a terceira
margem do rio?
Bem e mal,
Santo e profano,
Céu e inferno,
Pouco e muito
Tangível e etéreo
Efêmero e eterno...
Dentro de cada um
Moram os (pre)conceitos e
a dor
Inúmeras disparidades
Que nos tornam únicos e por
isso mesmo diferentes
Diante da liberdade, igualdade
e fraternidade
Há mil formas de amor
Tantas maneiras de amar
O outro e a si mesmo
Mas nega-se a essência
Julga-se e condena-se
O que não se consegue ser
Que a nossa ancestralidade
nos perdoe
Que a posteridade não nos
condene
Porque na nossa humanidade
Perdemo-nos no labirinto
da humildade
Onde estarão nossos
tesouros?
“Nós que aqui estamos por
vós esperamos”
E decifrar os intrínsecos
becos da alma
Nos confronta e nos
afronta
Com a nossa tão cruel e
doce dualidade:
E em chamas incandescentes
emerge a Fênix etérea
Água límpida que escoa por
entre frestas da árida terra
Ambivalências, divergências
constituem minhas dualidades:
Um lado imerge nas
lembranças,
Outro incita a levantar a
cabeça e seguir sem olhar para trás!