quinta-feira, 25 de julho de 2013

Porto Seguro


O vazio da alma toca o papel...
Desdobra-se em fragmentos:
Mosaico de sonhos
Despejados, jogados ao léu...

Nas brumas do entardecer,
Desbravam-se dores e plagas...
Duelo entre palavras e adagas...
Barco à deriva me conduz ao alvorecer.

Vestígios de outrora e de agora...
Buscam-se como farol...
Perdidos na tempestade...
Nas mãos do poeta... Apenas a verdade!

A pena de poeta transborda em versos...
Sentimentos perdidos... submersos...
Minha alma quando escreve...
Verte-me em poeta... Inteira me absorve...

Tolhe e acolhe dores e alegrias...
Desvendam e confiam-me secretas magias...
De olhos vendados, o poeta absorto...
Dedilha formas... procura seu porto...

Dentro do universo onírico...
Tudo é possível e quem sabe empírico...
Todos meus segredos são seus...
Quando os sentidos convergem aos céus...

Metáforas desfolhadas navegam em mim...
Buscam um porto seguro... Enfim...
O lugar perfeito para abrigar a calma...
E tocar, sentir, estar aqui, além... de alma!


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Sem sol, sem chuva...






Hoje está triste...
Sem sol...
Sem chuva...
Cinzento como meu coração...
Como ave perdida
Com a asa ferida...
Sinto-me só.
Na garganta aperta-me um nó.
Coração dilacerado...
Sangra ferido...
Despedaçado...
Gotas de veneno despejadas,
Folhas de solidão arrancadas,
Atiradas ao vento,
Jogadas ao sabor do tempo...
Flores despetaladas,
Ainda é resquício de tempestade...
Gosto acre: decepção.
Desafio da vida: frustração.
Às vezes esperamos demais...
Queremos o que não se pode mais...
Imaginamos o outro por nós...
E percebemos o vazio em foz..
Queria arrancar essa dor...
Transmutá-la em amor...
Mas a mágoa ainda é maior..
É preciso perdoar...
A todos e a si mesmo...
Não sou doida...
Nem quero ser santa...
Sou humana...
Nada mais...
Intensa demais...
Sensível além da conta...
E por isso que essa ponta...
Fere-me e sangra-me como faca...
O olhar transborda...
A alma despeja-se...
Metamorfose!
Ainda não sei voar...
Mais hei de alçar voo
Em breve...
Mesmo que em mim,
Ainda exista neve...
Hei de tocar as nuvens dos sonhos...
Quem sabe abrigar-me na luz do sol...
Quem sabe pousar sobre as estrelas...
Paradoxos da existência.
Medos de deixar emergir a essência...
Sou tola, piegas e poeta...
Que despeja destroços,
Sobre o papel...
Versos, rimas perdidas...
Saudades, canções esquecidas...
Enfim...
Hoje o poeta está triste...
Como esse dia morno...
Sem sol, sem chuva...
Quem sabe outras cores
Venham pintar meus dias
Trazer-me outros sabores?!...

domingo, 14 de julho de 2013

Sabor agridoce






A vida tem suas intempéries...
É crucial o poder burilador
Dos contornos sutis, sórdidos, taciturnos da dor...
Que nos castiga, mas também nos instiga.

O sabor acre das lembranças
Faz com que o Agora seja mais terno e doce...
A mesma espada que nos fere, nos liberta...
Rasga a alma, cura o corpo: sangra e nos engrandece...

O mergulho profundo nas sombras do “eu”
Fez-me perder o senso de direção...
Mas me ajudou a encontrar no âmago da alma
As cicatrizes lancinantes do coração...

As trevas, encobrem, contrastam-se com o sol...
Elas se dissipam após a tempestade das emoções...
Vislumbram-se insights de luz...
E a alegria e a  esperança se espelham como farol...

Navegando escondido na própria escuridão...
Nem se percebe o amparo divino
Que vem vestido de sonhos
Como um anjo vem e nos dá a mão...

Suas asas aflantes, flamejantes...
Abraçam, acalentam e acalmam...
Tormentas e agonias persistentes...
Num abraço raro, inteiras, se despejam...

Sorvo novas perspectivas, possibilidades...
Que matizam o Presente...
Absorvo pequenas felicidades...
Que delineiam o que é urgente...

Almas que se tocam, elevam-se e nos levam...
A personificar divindades diáfanas
Nas formas belas dos contornos humanos...
Traduz-se em outros idiomas, seres,  versos,  poemas...

Metáforas aladas, cantadas no sentir...
Decoradas, sussurradas, dedilhadas no ter...
Derivadas e revividas no porvir...
Que por hora só existe no amor, no sabor agridoce no ser!

sábado, 6 de julho de 2013

As Sete faces de minh’alma




Alma inquieta vagando em mim...
Busca por entre as flores
O perfume de jasmim...

Alma errante segue seus valores...
Vence medos, faz-se verdadeira...
Por entre devaneios sem fim...

Alma cigana, sem destino, segue o coração...
Despoja-se inteira...
Na dança insana da nossa paixão...

Alma guerreira lutando pelos sonhos...
Entre duelos seculares...
Supera desafios medonhos...

Alma altaneira em busca de luz...
Desbrava as sombras...
A outro caminho me conduz...

Alma de poeta dedilhando palavras...
Esgrimam-se versos, dobram-se paradoxos...
Suspiram fantasias em suas metáforas...

Alma de minh’alma, em silêncio, se personifica:
Beija-me, toca-me, sinta-se, devora-me!
Degusta em mim o pecado que se santifica!