Poesia rascunhada numa folha de papel qualquer
Alquebrada... Estilhada pela vida (des)medida
Encolhida pela frialdade da realidade que tanto se quer
A um canto insignificante de mim, fui esquecida
Cansada do vazio, vi-me só... imersa no frio
Só me restavam rastros, restos, migalhas
Perdidas à beira do abismo – num calafrio
Sem saber para onde ir – tolhida por tantas falhas
Despertar de sensações ignóbeis e insignificantes
Ative-me e me contentei com tão pouco
Vi-me multifacetada, extirparam-me as asas aflantes
Despiram minha alma e o poeta ficou rouco
Sem versos que lhe trouxessem amor
Sem flores, que além de viço,
Transbordassem perfume e cor
Sem olhos que percebessem o feitiço
À deriva em pleno mar bravio
Sabia que haveria um instante remoto
E que um farol poderia guiar o meu navio
Ainda que meu destino fosse ignoto
Adormecia à espera de milagre e alegria
Mesmo morrendo lentamente na travessia
Lancei, de madrugada, garrafas ao mar
Com poesias - palavras precisavam viajar
Ao vaguear por águas menos turvas
Vi o reflexo de uma alma errante
Que se delineava no espelho ondulante
Ah... Quisera eu discernir contornos... curvas
Ah... se houvesse tempo para mergulhar
No mundo insondável e inexorável
E alçar voos... ir além do imponderável
E depois da tempestade, achar porto – acordar!