sexta-feira, 19 de junho de 2015

Felicidade intercruzada


Intercruzamentos de histórias
Dedilham em nós memórias

Reacendem fagulhas perdidas
Faces de um porvir esmaecidas

Registram-se na digital da alma
Reflexos surreais da palma

Fetiches atemporais desmembrados
Revelam a ausência de ideais desgrenhados

Sem máscaras, de forma ainda mais sincera
Despeja-nos no vazio que em nós impera

Mesmo que ao outro se negue
Duela-se tudo que em nos se renegue

A mente doente afasta-nos do sonho dormente
Semente que não se vê, apenas se pressente

Engana-se aquele que foge do amor
Justificando-se com o seu descompasso de dor

Paradoxo: perfume e espinhos em flor
Não se sufoca a humana essência no desamor

A dor mente o que realmente se sente
Camufla nas dobras do tempo... desejo iminente

Nem demônios, nem anjos... nem santos, nem profanos
Insignes instantes mágicos tornam-nos humanos

Sorvem-se necessidades das raízes alquebradas
Projetam-se asas aflantes, flamejantes, amadas

Toca-se o poder do céu na terra
Vemo-nos pequenos, míseros aprendizes em guerra

Buscam-se explicações plausíveis
Para nos transmutarmos de papéis previsíveis

Desabitados de nós, vazios de valores
Perecemos... condenamo-nos aos dissabores

Urge alterar o tempo oportuno
Vencer o claustro noturno

Ver a luz,... ser vento vindouro, suave, destemido
De expectativas múltiplas desprovido

Repleto de sonhos: sorrisos, toques, sabores
Sentimento: aquarela de mistérios multicores

Piscar de olhos entre eternidades
Traz-nos de volta efemeridades

Gosto de estrela na mão
Suspiros de saudade no chão

Absolutamente entregues aos braços da felicidade
E a sua tão cruel clandestinidade