sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Pedras e asas


Pedras íngremes
Feriram meus anseios...
Em agonia, deram-me medos...
Desencantei-me da vida,
Esgotei a voz
Que clamava, orava,
Chorava por mim...

Asas se abrem e se entrelaçam...
Nuances de um novo tempo
Aladas formas desfeitas
Dançam a noite toda comigo...
Enquanto, sem chão, abrigo
O sonho perdido...
Desencantado pelo destino...

Palavras: pedras e asas...
Pedras que ancoram
Fincam raízes...
Asas que me fazem voar....
Abarcar sonhos, cantar segredos,
Sentir o vento...
Sobre o precipício, desabar...

Ah ... quero-te aflantes
Em ti desprender-me...
Soltar o grito
Que engoli num gemido...
Quero o gosto de sal
Do mar, da chuva,
Do desvario, do adeus...


Tudo passa: molda sombras...
Renova... transmuta... transforma...
Revigoram-se esperanças
À beira do despenhadeiro
Abraço um novo eu...
Metamorfose em mim...
Sem fim...Enfim...