quarta-feira, 26 de julho de 2023


 

NOITE ESTRELADA DE VAN GOGH

 

A arte e a poesia andam de mãos dadas:

O poeta em mim às vezes sussurra,

Às vezes chora,

Às vezes conclama,

Às vezes apenas silencia...

 

O poeta em mim recarrega minha alma de poesia

E, através de alguns versos, debulha palavras,

Dedilha os escombros dos meus sonhos...

Apresenta consonância com minha história multifacetada,

Encontrando eco nas vozes que povoam o imaginário...

 

Imersa na obra de Van Gogh, caminho pisando leve,

Perambulando pela mente conturbada de um gênio,

Um dos maiores gênios pictóricos já conhecidos...

Sua arte - icônica e significativa –

Foi tão intensa quanto sua alma incompreendida...

 

Ele dizia que não queria pintar quadros, mas sim a vida...

Buscou inovar e criar, por ser um grande vanguardista,

Desenvolveu seu talento com um estilo genuíno e próprio...

Seu olhar triste refletia seu deslocamento...

Não encontrava sentido no seu tempo, nem na sua história...

 

Pintou mais de setecentos quadros, mas vendeu apenas um...

Viveu em crise a maior parte da sua vida

Isolou-se do mundo, internou-se, feriu-se e foi ferido...

Sucumbiu à dor para nos fazer viajar pela memória:

Em tantas obras como “O quarto em Arles” e “Noite estrelada”...

 

O poeta em mim dá as mãos ao pintor pós-impressionista:

Sussurrando aos meus ouvidos as nuances coloridas da alma,

Sigo absorta, afetada pelo belo, pelo insólito mundo da arte...

Vou observando o desvendar da minha e de outras tantas trajetórias

Sorvo o agridoce sabor sinestésico que abastece de luz minhas memórias!

terça-feira, 25 de julho de 2023

 

E SE...

 

E se eu tivesse feito escolhas diferentes?

Quantas vezes nos perdemos na travessia...

Apenas deixamos a vida nos levar,

Sequer paramos para pensar...

No vai e vem das areias da ampulheta

E trancafiamos na memória nossa essência...

Rastejando como lagarta não reparamos que a alma é de borboleta...

 

E se eu tivesse conseguido me desvencilhar do passado?

Tantas vezes nos deixamos conduzir...

Na dança dos ventos e no baile das ondas...

Encontrando nossos fantasmas, amargamos nossos medos

Seguimos vendados, destituídos de esperanças,

Preferimos não ver quem somos, escondemos nossos desejos

E, repentinamente, vemos o nosso castelo de sonhos ruir..

 

E se eu tivesse, desta vez, ouvido minha intuição?

Algumas vezes nos vemos em cacos...

Destruídos em mil pedaços, em escombros,

Seguimos tentando compor um mosaico multifacetado...

Já que perdemos nosso reflexo nos fragmentos do espelho quebrado...

Devíamos ter escutado a nossa própria voz e mudado nossos passos...

 

E se eu tivesse seguido outro caminho?

Vez ou outra, a vida, entre vírgulas, coloca-nos em pausa...

E nós que seguíamos o fluxo deste mundo líquido e insólito,

Procurando preencher nossas lacunas descomunais

Com inúmeros subterfúgios e máscaras sociais...

Vamos criando expectativas e acorrentando-nos em laços superficiais...

Escamoteando nos excessos, não notamos o que o esvaziamento nos causa...

 

E se eu tivesse seguido meu coração?

Se tivesse deixado de lado essa maldita voz da razão...

Que insinua o tempo todo que ando torpe pela linha reta...

Que me mostra desfigurada no mosaico de cristal colorido...

Tão insone quanto os ébrios que desenham a ilusão...

Ainda que fragmentada a vida segue seu curso (re)definido

Afinal, não há “e se...” apenas o que delineamos como uma nova direção!