domingo, 4 de outubro de 2015

Caixa vazia



Despido de preconceitos
Entrega-se sem máscaras
O eu poético esquece-se de seus preceitos
Verte desejos em palavras desconexas
Tantas vezes sem rimas ou métricas
Foca a essência: seu âmago
Insuficiente, inconsequente, inconveniente
Senta-se à beira do caos e revira a razão
Esgueiram-se as areias atemporais
Nelas impregnam-se os sonhos e a emoção
Secam-se os olhos de madrugada
A lua eleva a tempestade do coração
Marcas indeléveis ali (co)existem
Sopram os suspiros do porvir
Entreabrindo a caixa de Pandora
Vê-se o espelho de Oscar Wilde
Imagem disforme, dor sem hora
Quis tocar o céu e atirou-se ao mar revolto
Debulham surreais metáforas ignotas
Expiram perfumadas memórias
Gritos fantasmagóricos desvanecem
Embalados pela música de uma nova era
É preciso fechar a porta do ontem
Abrir a janela além-tempo
Ser rio a deslizar para o mar que impera
Vença a escuridão!
Ouça o clamor do vento:
Sal que tempera? Quimera? Quem dera?
Adridoce aroma comedido
Mosaico de espera destituído?
O eu poético lembrou-se do procedimento
Despido de medos ou anseios
Veste a imagem que lhe cabe
E faz adormecer em si mais uma poesia
Será fim?
Camufla sua agonia?
Magia em enigma...
Enfim...
Palavras,  palavras, palavras...
Quem sabe, agora, uma caixa vazia
Pronta a encher de versos  a sua travessia!

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