A vida em sua plenitude desenha ondas sobre o mar
Às vezes maré alta arrasta-nos às desilusões
Noutras calmaria nos ensina a sonhar
Sinto o eriçar das ondas de asas
Menino, homem ou anjo vem em sonho me tocar
Deslizando sobre mim, feito poeira de estrelas
De olhos fechados me permito dançar
Duelando com as emoções
Que não me ensinaram a amar
Acreditei na ilusão que me faria voar enfim
Matizes angelicais, sentimentos irracionais
Talvez aquarelas dedilhadas sobre mim
Atiraste-me ao vazio e, num instante, fez-me pó
Quis dar asas a quem nunca quis voar
Penas, que pena, era anjo de uma asa só
E assim torto não me perimiste pensar
Desejei a doçura do céu, sorver da tua boca o mel
Devaneio arrastado pela imensidão do mar
Roubaste-me a utopia insólita
Devolveste-me ao abismo de outrora
Arremessaste-me à insipidez inóspita
Foste, de alguma forma, anjo meu
Que mais me tentou do que guardou
Que me levou de mim e me deixou
Pisoteaste a flor da ilusão
Ao ver o que está além do espaço-tempo
Ensinaste-me a sobreviver sem paixão
Aprendi que não me contento com metade
Quero tudo: inteiro,
pleno, divino e profano
Enfim, a dor ensina: amar não traz só felicidade!
Enfim, a dor ensina: amar não traz só felicidade!