Vertido de sonhos
O tempo se renova em nós...
Desfaz as amarras do passado,
Liberta-nos da mediocridade,
Da agonia que nos aprisiona
Enfadonhamente na rotina...
Reconfigura os fragmentos
Da alma tão cansada da dor...
Faz-nos ousar,
Ir além da nossa sombra,
Perceber nossas asas
E a nossa capacidade inefável
de voar...
Enche-nos de esperanças,
Enfeita-nos de flores o
coração
À espera de viver
intensamente
E nos exaurirmos até a última
gota...
Assim entreabrimos a janela
Para respirar o perfume,
Abraçar o vento,
Que, vez ou outra,
sussurra-nos segredos...
Sopra fagulhas ignotas, quase
extintas,
Reacende as possibilidades
esmaecidas
Que abandonamos pelo caminho...
É preciso arriscar mais... sair
do eixo...
Mesmo não se sentindo seguro...
Buscar novas direções,
Aprender a escolher
Sem medo de se machucar...
Ainda receosos, desejamos a
luz...
Tocamos momentaneamente o céu
E tudo que se quer,
Neste instante único e mágico,
É deter essa coisa
clandestina
Que se chama felicidade...
Ah... é verdade...
Não temos este poder...
Isto cabe apenas ao tempo,
Senhor que nos ensina a viver...
A compreender que querer,
quase sempre,
Está tão longe de poder...
Mas é algo inerente...
Que nos impulsiona a
persistir,
Instiga-nos a vencer as
intempéries
Que se interpõem entre nossas
vontades...
É preciso ultrapassar limites
E muitas regras transgredir...
Afinal, o horizonte ainda
está nublado...
Confuso... difuso...
A tempestade não se dissipou
totalmente...
O gosto de chuva ainda está
em mim
Ah... confesso: amo a chuva!
Sem ela não há primavera...
Sem flor, a vida é cinza, sem
perfume e cor...
Há desafios nos colocando na
berlinda,
Porém muito há para se viver
ainda...
Quisera... ser permitido a
nós, meros mortais,
Tocar mais vezes este céu de
estrelas!