quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dúvida



Mesmo pairando sobre mim uma dúvida cruel
resolvi ceder aos encantos das palavras
que quase sempre me convencem
me vencem... me exaurem...

Mesmo me sentindo inadequada
fora do contexto
resolvi deixar de lado
qualquer tipo de pretexto

Mesmo que meus versos desconexos
muito de mim revelem
ou por inteiro me camuflem
sem medo de parecer tola ou piegas entrego-os

Mesmo desejando despejar-me inteira
me perco dos meus sonhos
entre as rimas de minhas quimeras
resquícios, saudades, precipícios

Mesmo tendo a esperança roubada
preciso desatar nós
desaguar-me em foz
rabiscar um reflexo fosco de nós

Mesmo tendo perdido a chave
que abre o baú dos segredos
chamo por Deus
pedindo clemência pelos erros

Mesmo debaixo das metáforas
encarcerada nas entrelinhas
entreabro a janela a sorrir
respiro fundo e enfim posso te sentir

Mesmo que não tenha resposta
precisava te entregar meu devaneio
queria o abraço do sonho
o entrelaçar do vento que se perdeu no tempo

Mesmo sem entender
consagro o que sinto
ainda que não seja nada
traz-me a luz perdida, profanada

Ah... aqui estão fiascos
quem sabe um coração aos pedaços
vejo-me cega à procura de um guia

nesta poesia clamando pelo amor e sua magia...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Transmutar-se



A vida nos prepara
Vez ou outra
Para nova metamorfose

Detém nossas desilusões
Coloca-nos num invólucro
Suga nossa alma: profusões

Encurralamo-nos em nós mesmos
Passamos despercebidos
Não vemos, nem vistos somos

Tudo tem seu tempo
Transformando-nos
Muitas vezes, ao sabor do vento

Alada borboleta sobre flores
Desdobrando-se
Em sonhos multicores

Vida nova noutra forma
Renovando-se
Em constantes quebras de paradigma

Leves levas elevas
Espantando sombras
Luz desfazendo trevas

Aflantes asas
Despejam-se
Sobrando brasas

Sacudindo poeira
Ergue-se como Fênix
Meras fagulhas na lareira

Abra os braços
Suba os degraus
Vença todos os percalços

Abra os olhos e veja:
Atire-se, sem medo, no precipício
Alce voo, sorria, sinta, viva!