segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mestres da Poesia


Nem o tempo, nem a distância 

irão apagar a poesia de nossos momentos.
Afinal de contas, há reminiscências que se registram n’alma,
que se infiltram na música das ilusões,
que resistem a funesta 

e insalubre despedida de nossos sonhos.
Hoje, eu queria tocar-te com a poesia de grandes mestres...
Queria a inspiração de Camões,
a eloquência de Shakespeare,
as mil faces de Pessoa,
a profundidade de Drummond,
a irreverência de Gullar....
Queria intercalar as palavras de grandes poetas,
de todos eles, ao sentimento imenso que carrego
no emaranhado de minhas mãos pequenas,
na pequenez de uma alma 

que almeja demais perante a vida.
Queria dar asas a tudo que me corrói a alma,
que me conduz a transformação profunda do ser;
e  libertar dos grilhões do medo e da solidão
o coração de um poeta que anseia por uma esperança,
por um instante,
por fragmentos perdidos 

em meio aos escombros de si mesmo.
A poesia que se esvai nessas palavras,
no desvencilhar das areias da ampulheta,
buscam o amor que há muito...,
muito tempo me foi roubado
e que ultrapassa ao enterro das despedidas
para atingir num relance,
num reflexo a alma que se vê no espelho,
que toca o outro com o brilho de uma lágrima.
Ah! Como eu gostaria de,
com os acordes de Wagner, Mozart, Bettoven, Choppin
em muitos violinos, violões, flautas, pianos...
aclamar a plenitude do sentimento que me dilacera,
que me fere,
mas que me faz tocar as estrelas num relance de olhar...
Porque ainda há um olhar que toca o meu,
para me fazer acreditar que há mais,
há um amanhã.
E nesse amanhã, há um desejo muito forte de mudar...
De mudar o curso que me tornou só,
para novamente acreditar na poesia
como sublimidade e encanto,
não apenas como penúria e lamento.
Talvez nossos caminhos se percam
ou nos percamos na distância,
mas em algum lugar entre o intocável e o indivisível
há palavras que alçam vôos magistrais
e nos permitem construir margens aos desatinos,
alimentando a fome dos desejos e a sede dos medos.
E essas palavras desenham no teu corpo
a forma do meu desejo,
pintam nos nossos beijos
a plenitude dos sabores,
desvendam no olhar o que realmente somos.
Pois eu sou apenas a solidão de palavras vãs,
que procura horizontes,
que almeja a esperança de que algum dia
realmente possa estar nos braços teus
e podermos enfim nos exaurirmos em nós mesmos.
Hoje, há sonetos,
há um Vinícius proclamando em versos e rimas
a intensidade dos sentimentos
e dos nossos momentos,
num “Eu sei que vou te amar”
repetindo palavras pertinentes em minha memória,
que reluzem momentos que desejamos,
mas que não pudemos viver.
Não sou Camões, nem Shekespeare,
muito menos Pessoa ou Drummond,
sou um poeta de palavras simples,
que vê cores pintadas por Van Gogh
no espelho de teus olhos.
Não posso tê-lo ao meu lado,
Nem sempre podemos nos ver...
mas tu és minha outra face do amor,
mesmo em meio a tantas tempestades,
turbulências e desventuras.
Estas palavras sopram notas,
acordes e cores para dizer
que em mim ecoam palavras
que precisam chegar até teu coração.
No entanto nas escadas que nos levam a nós mesmos,
quase sempre elas se perdem,
pois meus lábios não conseguem proferi-las.
O poeta que sou
tentou se esquivar nas palavras,
pediu auxílio,
desenhou,
rascunhou,
argumentou,
mas nem os grandes mestres conseguiram ajudá-lo,
porque há palavras que não podem ser substituídas,
muito menos apagadas
e todas elas se restringem na poesia de uma única frase:
“Eu te amo!”

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