Como os grandes mestres da poesia, busco inspiração nas estrelas, mas
elas persistem em se calar diante do meu olhar triste e solitário.
Dedilho no papel vazio: palavras. Fruto da inspiração divina,
apocalíptica e melancólica.
Queria que corressem de dentro de mim velozes e se atirassem aos seus
pés, nos caminhos marcados, pré-determinados pelo destino incerto e traiçoeiro.
Deus me permitiu tocar nas estrelas, mas elas muitas vezes preferem
silenciar, preferem mergulhar-me no mundo insondável de emoções fugazes...
Queria que minhas palavras me conduzissem aos desvarios de minh’alma
e se atirassem no despenhadeiro das ilusões, pois elas me fazem louco, insano
de mim, que cavalga nas asas supremas das emoções humanas e chora a dor, a
impossibilidade que elas insistem em me causar.
Fui louco aceitando o destino. Sou louco que viveu o destino. Serei
louco a desejar o destino...
Porque obstáculos cruzarão o meu caminho, mas o poeta que sou é
apenas um louco, audacioso e atrevido para aceitar, desejar e também vivenciar
o que a mim foi predestinado.
Sou um tolo amante das palavras, que persiste em ser, que anseia
pelos momentos supremos que ainda posso vivenciar...
Mortal, apenas um mero mortal, choro as despedidas, os caminhos
tortos e as ilusões perdidas que fazem de mim, poeta de um mundo desconexo, de
momentos roubados, de furtivas lembranças arrancadas...
No livro sagrado da vida, rascunharam palavras para mim, palavras que
hoje espelham o que sou. Em algum lugar, elas se intercalam a tantas outras
como parte de uma história. Dessa mistura sagrada e suprema nasce uma nova
história, que começou, mas que ainda não teve fim...
Persisto em desvendar enigmas, mas as estrelas insistem em não me
revelarem o destino que abre seu precioso livro para escrever mais um capítulo
de uma longa história...
Registros, imagens, marcas, sensações, emoções, palavras... Tudo faz
parte... Fazemos parte da história vivida, do mistério insondável da vida!
Palavras desmistificam momentos e me possibilitam eternizá-los,
alguns são raros, preciosos, verdadeiras dádivas... Outros prosseguirão comigo
até o fim dos meus dias...
Há uma saudade que perpassa a solidão para me arrancar da mesmice
pálida dos meus dias, que me toca com o ardor dos encontros, que floresce no
brilho fugaz de um profundo olhar e morre na incerteza da despedida que me
sorri...
Imagens contemplam palavras e juntas se fundem naquilo que ficou, no
que ainda resta a um coração despedaçado, tonto diante do ruflar das asas
d’anjo que me permitiu conhecer, descobrir e desbravar o sacrário de almas
únicas...
Imagens se completam e interagem diante do fulgor dos desejos e dos
sonhos... Imagens me fazem sentir... (Re) viver... Renascer...
Imagens me tocam e me dedilham avidamente, descobrindo marcas
imperceptíveis, desenham diante de mim a lágrima cristalina que desliza pela
face a qual superficialmente sorri... Sofro os caminhos intrínsecos do meu
coração e alma, choro pelas pedras e vejo no espelho reluzente de um olhar: o
meu jardim das ilusões se desvanecendo na fumaça perfumada da saudade...
João
de Joshaff
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