domingo, 15 de abril de 2012

Lua Cheia



Existem pessoas que passam por nós
Outras ficam para sempre...
Em nós..
Amarrando lembranças
Tecendo tranças
Mesmo que haja um oceano entre elas...
O tempo se esvai na ampulheta da vida...
Tanta coisa vivida,
Tanta vida perdida.
Sonhos que desvaneceram
Na escuma fria do mar...
Flores que murcharam
Ensandecendo-nos
Com seu inebriante perfume...
A lua cheia abraça-me,
Aconchegando-me,
Afastando a solidão de alma,
Acredito nas palavras
Que não precisam ser ditas
Que silenciam...
Que gritam...
Que sussurram...
Há alguém do outro lado do espelho...
Ainda que multifacetado
Escondendo...
Revelando...
As cores da minha aquarela...
Que outrem  furtivamente...
Roubou-me na despedida...
Ah, que lua linda!...
Ah, que poema vivemos!...
Sobras que ficaram:
Cacos...
Fatos...
Palavras...
Olhares..
Gestos..
Toques....
Matizes dos desenhos,
Notas dedilhadas...
Versos inacabados...
Trancafiei sua imagem
Na memória: arca das lembranças!
Quis sufocá-la com a razão,
Mas, no coração,
Ainda pulsa a saudade...
Ela, teima em aparecer
Clara, nítida, diante das agruras...
Ela se acende com os plenilúnios...
Ela me abraça,
Preenchendo-me de cores...
Devasta-me com o seu vazio
A cortina do luar...
Dedilha sobre mim os seus contornos...
Estou longe e perto de você...
Desejo esquecê-lo...
Mas não posso perdê-lo...
Afinal cada segundo do seu lado
Vale a pena!
Ah, mesmo que em sonho...
A certeza da sua existência
Afaga a saudade...
E me faz suspirar diante desta lua cheia...
Que nos embriagava com seu perfume...
Que nos enfeitiçava com seu mistério...
O tempo desliza
Na ampulheta do destino...
E nós, cada um de um lado,
Escrevemos a história
Que escolhemos do outro lado dos sonhos...
Sinto falta de sua voz...
Que conseguia desbravar os medos...
Sinto-o ao alcance dos devaneios...
Perco-o  e nas névoas desliza...
Sua face sem ser tocada desaparece
Nas sombras, nas brumas do amanhecer...
Suave dedilho em você
As notas do desejo...
Despejo sobre você 
as marcas da paixão...
A luz do dia abre 
A cortina da realidade...
E eu entreabro 
A janela dos olhos
Que mais uma vez...
Sonhavam...
Buscavam...
Sorriam...
Diante de você
Psiu!...
Acorde, a vida prossegue...
Não há tempo para os devaneios
Esconda as ilusões...
Vista-se de verdade
E enxergue claramente
As escolhas que fizemos...
Já estivemos aqui..
Encontramo-nos...
Perdemo-nos...
Vivemos!
Quem sabe, algum dia...
Possamos nos deixar estar
no espelho multifacetado do outro...
Mesmo que brevemente...
A vida é sutil...
Furtiva...
Caprichosa...
Quem sabe nos permitirá tocar a felicidade
Afinal já sabemos que ela existe...
Onde está...
E como abraçá-la...
Embora isso não baste
Para os que verdadeiramente amam
Momentaneamente é suficiente!


5 comentários:

  1. lindo...entao depois de ver Lua Cheia hj..fiquei fascinado com seu poema...arrebatador..fala ao intimismo!
    Carlos (Portugal)

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    Respostas
    1. Obrigada, Carlos!
      A poesia para mim é deixar a alma transbordar em palavras, mesmo que sem métrica ou rima, apenas expressar o que penso, sinto ou vivo...
      Seja sempre bem-vindo!

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  2. Lindo descreve todos os segredos da alma...aha! das almas...

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