sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Cataclismo



Uma luz doce e terna dança sob o olhar...
Vejo a face da saudade desenhada 
Pelas brumas do sonho...
Ouço o assobio do vento trazendo-me
O decifrar de enigmas transcendentais...
Sinto um arrepio a percorrer-me inteira...
É o desejo que me arrebata 
E arrasta meus pensamentos,
Afinal apenas a mente tem o poder 
De desprender ou deter as sensações...
Desenfreadas, elas alcançam os sonhos...
São delineadas de acordo com a luz do olhar...
Ganham cor, forma, sabor e cheiro...
E os sentidos atiçam os instintos...
Desencadeando um cataclismo de emoções...
Mera confluência de olhares...
Simples toque de mãos...
Capazes de despertar no âmago profundo
O degringolar voluptuoso do vento...
Era apenas uma brisa suave a agitar-me os cabelos,
Mas, repentinamente...
Tornou-se tempestade dentro de mim...
Vejo o tremular avassalador das folhas
Que são atiradas ao chão...
São pedaços de sonhos estilhaçados pelos sentidos...
Devorados pelo desejo inconstante de saciar
A febre que paira sobre o olhar...
Meus pés tocam o chão,
Mas meus dedos alcançam a lua...
Sou humana, mortal, pequena...
E ao mesmo tempo...
Sinto alçar voo as asas de anjo que me permitem
Mesmo que, num sonho dantesco, voar...

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