Carrego no coração
muitas memórias:
Algumas deste
tempo complexo e sombrio...
Outras atemporais
e imemoriáveis...
Da mulher de
agora, há cicatrizes que costuram meus pedaços...
Da criança de
olhar perdido, carrego inadequação:
O estar sempre (des)conectada
do seu tempo,
Parecendo vir
de outro não-lugar além de onde me encontro.
A sacerdotisa
se escondia na caverna de sombras...
Para fazer a
alquimia das emoções mais profundas...
Perseguida por
aqueles que temiam seu poder,
Seguia, despojada
de medos, a sua forma de ser...
Conhecia plantas,
lia as estrelas, conversava com o tempo...
Ensinava que podíamos
dançar com o vento...
Viajante de
tantas paragens e experiências singulares:
Saberes e sabedorias
ancestrais me levaram a tantos lugares...
(Des)encontros e
(dis)sabores verteram-se em valor e lágrimas,
A alma errante é
mais forte na vulnerabilidade...
Diante da
liquidez deste tempo, que escoa feito água,
Vislumbra-se o
passado despido de sonhos e vestido de história...
Contando à
criança interna tudo que sua trajetória,
Ainda trará de
sombras e marcas; de caos e glória...
Pedaços de
ontem cerzidos pelo agora...
Descrevem tanto
de tudo que por mim desagua...
O cotidiano acelerado
consome meus dias...
Traz a falsa
sensação de veracidade...
Rouba o tempo
do sonho e da efemeridade...
Será que ainda
resta algo belo na realidade,
Nos escombros
de agruras tão frias?
Haverá, em
algum lugar, além do tempo e do espaço,
Possibilidade de
vivenciar o que a alma veio buscar?
Ou passos
lentos deixarão apenas os padrões das raízes?
Há que se viver
mais do que crises...
Há que se
sentir mais do que a estranha sensação...
De achar que
precisamos estar todos na mesma direção,
Perdendo nossas
idiossincrasias para seguir as mesmas diretrizes.
É preciso olhar
para as pedras do passado...
E regar as
flores perfumadas de agora...
Há sempre outro
dia ao nascer do sol... Mesmo depois de uma noite fria...
Há sempre um
novo tempo... Mesmo depois de tanta agonia
Há sempre um
sonho possível... Mesmo cheio de nostalgia...
Urge colocar
cor em nossas ações...
Com coragem,
deixar de lado a razão...
E permitir,
novamente, depois de tudo, guiar-se pelo coração!
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