quinta-feira, 6 de junho de 2024

AMANTIKIR

 


 

Às vezes, preciso olhar para o alto:

Ver o céu, apreciar às estrelas...

Deixar o sol tocar nossa pele 

E aquecer o coração tão amargurado e vazio...

Quem sabe com lendas e histórias de amor...

Quem sabe com experiências de muito valor...

Quem sabe provando sensações com tanto sabor...

Para desconectar-se do virtual e reconectar-se ao mundo real,

É preciso desligar as vozes que nos impõem padrões

E ouvir nossos ancestrais que dançam sob a lua...

Povoando as histórias que contam quem somos nós:

Somos poeira de estrelas buscando a luz do sol maior!

Para isso, há que se voltar para si mesmo...

Silenciar a alma, ouvir a voz do nosso próprio coração...

Encontrar-se é (re)aprender que somos parte:

Parte de algo maior, imenso e transcendental...

Somos parte do outro que nos dá as mãos...

Que caminha conosco e ouve os suspiros de nossas dores...

Que escuta e acolhe os sentidos da nossa vulnerabilidade...

Que se aceita, ama-se e se permite ser humano...

Somos parte da Grande mãe, Gaya...

Que nos abriga, abraça e renova enquanto centelha divina... 

Na “Serra que chora”, 

Há inúmeras imagens singulares:

Meus pés pisaram a terra úmida,

Senti a vida perpassar por mim...

Águas cristalinas, límpidas e puras banharam-me da cabeça aos pés... 

Vi flores que transbordam amor e beleza...

Ouvi cantos de vários pássaros e o som do vento a balançar as árvores...

Algo mágico aconteceu dentro de mim:

Constatar que somos pequenos demais diante dessa grandeza...

Fez-me escutar o eco de todos aqueles que vieram antes...

Plantaram a semente, cultivaram a terra e colheram o fruto... 

Passaram pelas estações e aceitaram sua natureza...

Na Mantiqueira, reconectei-me com minhas raízes

Sou indígena, sou africana, sou europeia...

Sou fruto da beleza e da tragédia...

Não sou boa, nem má, apenas humana...

Sou parte de tudo e, sozinha, não sou nada...

Cada parte de mim reflete o que fui e o que serei...

Cada pedaço de mim transporta-me para além...

(Des)configurando-me das formas prontas

Para me apresentar a um novo horizonte: o firmamento azul...

A natureza me abraça: eu vejo, ouço, sinto, amo...

Enfim, estou em paz comigo mesma!

 

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