quinta-feira, 6 de junho de 2024

ESCADA

 

Os poetas escolhem palavras de maneira peculiar:

Alguns selecionam aquelas que traduzem suas emoções...

Outros preferem as que espelham suas ideias...

Há tanta poesia no silêncio de um olhar...


Enquanto o coração guarda os sentimentos...

A mente seleciona suas muitas razões...

Palavras ecoam em mim...


Algumas me traduzem...

Outras me escamoteiam...

Talvez eu não seja passível de ser debulhado em palavras...

Apenas em sentidos múltiplos...


As imagens delineiam sonhos perdidos na memória,

As sombras invadem minha alma,

Roubando o espectro de mim que se olha no reflexo do luar...


Às vezes o cosmo me encanta tanto

E eu acredito, por uma fração de segundo, 

Que sou capaz de ler as estrelas...


Ouço a agonia vestida de roxo com lírio na mão...

Ela vem como o corvo anunciar a morte das ilusões:

O passado se foi, o futuro ainda não chegou

E o agora parece um quarto vazio...


Limpo, bem cuidado, com cortinas que lembram grinaldas:

O vento parece arrancá-las de súbito 

Para que elas se juntem às nuvens...


É hora de subir a escada atemporal da existência

Para adentrar o portal de um novo tempo:

Deixar o passado para trás

E os momentos enevoados arrefecerem...


Já não me sinto perdida nas minhas (des)ilusões...

Porque o primeiro degrau me apresenta a justa medida

De que sem amor não há caminho, nem porque caminhar...


Há que se voltar para si mesmo primeiro

E buscar outros versos em outros afetos...

Afinal só há amor para quem, de fato,

Aprende a si entregar inteiro...


Antes é preciso o amor próprio 

E assim adentrar o frio das despedidas

Para abraçar a intensidade da alma

Que se encontrou no laço, 

No passo, no pó...

Que esteve na solitude, tão só...

Mas que agora estende a mão para o sol...

E vê uma silhueta a abraçar sua solidão.


Estive entre o medo e o devaneio...

Agora acolho o sonho da travessia...

Que me transporta para o melhor de mim...


Achei que era fim, 

Porém era apenas começo: novo ciclo...

Janela da alma - meu olhar abriu a porta do jardim!


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