segunda-feira, 14 de maio de 2012

Senzala



Nas pedras frias da parede, correntes se arrastam,
No cimento do chão inacabado mais correntes existem...
É dia lá fora, mas aqui dentro parece noite,
Escura, fria e triste!
Piso descalço...
Sinto arrepios....
Por tanto tempo, esse lugar foi minha morada.
Naquela época lembro-me bem...
Dos gemidos que cortavam a noite
E atravessavam a escuridão...
Mulheres belas de belezas tortas,
Sem vaidade, cheias de rancor...
Choro, ranger de dentes...
Crianças de olhares tristes e vagos...
Perdendo sonhos e sua infância!
Andando por ali, eu via...
A escuridão que a tudo preenchia...
Não tinham vozes...
Não tinham lágrimas...
O tempo soprara a dor...
Mas nem um resquício de vida sobrara...
Meu coração sofrido..
Livre sempre estivera...
Passado das histórias que persistiam só...
Nas mentes doentes que aprisionam...
Liberdade para os que por tanto tempo...
Aprisionados estiveram....
Prisões de mundos diferentes...
Nas correntes da hipocrisia...
Do desamor...
Da ganância...
E tantas outras que existem...
Nos corações daqueles que não conseguem dormir em paz...
Nas senzalas da existência se arrastam ...
Nas correntes que não veem...
Almas que choram, que pedem clamor...
Almas que pagam a pena e a dor...
Sofrem os horrores das trevas na escuridão
E a falta de amor...
Presos nas correntes do egoísmo,
Não percebem a liberdade que existe.
Nos sonhos que floresceram...
Nas crianças que cresceram...
Nos medos que morreram...
Aqui do lado de fora...
Olho a senzala destruída...
Nas lembranças que carrego...
Ficam medos que enterro...
A Deus peço perdão...
Por aqueles que não veem...
A prisão que existe no seu pobre coração!

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