terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fetiche


A ampulheta da vida transmutou-se muitas vezes...
Nas idas e vindas, o tempo foi, ao mesmo tempo, ponte e abismo...
Encontramo-nos e nos perdemos
Nos incontáveis confins de nós mesmos...
A ficção das imagens reviradas pela memória afetiva:
Trazem-nos protagonistas da memória
Delimitando caminhos, perfazendo história...
Duelamos com sentimentos, fugimos do amor...
Mas ele é ardiloso e capturou-nos nas suas armadilhas.
Deixamo-nos prender nas teias da paixão...
Precisamos da volúpia que o olhar do outro desperta...
Fomos enfeitiçados pelo amor em todos os seus (des)encontros
De mãos dadas, necessitamos auxiliar as conquistas do outro...
É difícil essa avalanche de sensações desenfreadas
Que este outro em nós desperta...
Afugentamo-nos na solidão... Medrosamente nos escamotemos...
Encobre-se a essência... Nega-se a febre, sufoca-se o vulcão...
E no vazio do outro somos apenas saudade...
Esta tatuagem que nos fere desmesuradamente...
Mas sem ela nos perdemos na insipidez de uma vida morna...
O pensamento faz-nos loucos e, tomados pela loucura,
Não sabemos se fugimos ou se nos atiramos no precipício...
Quisera poder fazer dormir essa saudade sem igual,
Quisera poder desabar-se no abraço do encontro...
Ah!... Quisera que pudesse, por segundos, tocar nesse céu...
Ou quem sabe entrar e sair da história e do amor...
E se fazer saudade, sem se machucar  tanto...
É tão difícil conter este sentimento revestido de saudade...
O tempo breve faz-nos sentir a vida latente e que amar vale a pena...
Ainda que nas asas afáveis e ágeis de um beija-flor...
A cada dia a saudade se faz sem fim...
Estamos em todas as histórias que já escrevi
E nas muitas palavras que ainda colocarei no papel...
Porque a magia se faz em nós... no feitiço incontrolável...
Que enlouquece e nos permite viver esse devaneio...
Há fetiches que dispensam palavras e revestem desejos...
Maiores, muito maiores do que eu...
Sua essência é AMOR : sentimento dúbio, forte e verdadeiro...
Que se quer junto de alguém... Mesmo ao abdicar de si pelo outro...
É hora de chegar ou partir?
Não se sabe ao certo, apenas se quer,
Ainda que, apenas por segundos,
Tocar o céu na Terra!


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