terça-feira, 5 de maio de 2015

Quem sabe?


É madrugada...
Desejo não tem hora
Nem de vir... nem de ir embora...
Vem e nos arrebata...
Arrasta-nos pelo silêncio... pelo frio... pelo vazio...
Faz-nos perder o senso... torna-nos acrobata...
De sonhos, vontades... anseios de realidade...
Busca o nosso oposto na afinidade...
Subjaz marcas na desmedida fugacidade
Do tempo que não temos...
Sente-se o gesto, o gosto,  além da cor...
Vertendo, convertendo
Martírios, tormentos, ansiedade...
Ânsia que embarca: fetiche...
Sabor que impera: sensações...
A ausência que traz o insano sonho
Despido de medos... cicatrizes... marcas...
Vestido apenas de saudade...
Fragmentos tantos de um talvez..
Um agora sem hora: felicidade!
Memória do corpo...
Impregnada na alma...
Incorpora... implora...
O beijo do vento
Que foi abandonado ao léu...
Jaz enfim tessitura... urdidura única...
Num gosto místico de céu...
Deixado e arrancado na palma
Onde, em duelo, perdeu-se a calma
Resta somente um calafrio
Despejando-se
Despojando-se
Queria... pedia...
Um porto para abrigar um corpo?
Podia... faria...
Ancorar segredos desavisados de outrora
E incondicionalmente...
Sentir o proibido?
Viver o que precisava ser vencido:
Amar... o improvável... o infundado... o descabido
Quem sabe?

Ah... Quem sabe?.

Um comentário:

  1. "Ah quem sabe... encontrar um porto para abrigar o corpo..." lindo verso; um show de poema. Parabéns Neide!

    Beijos

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