sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Plenilúnio


A lua se faz cheia de saudade...
Houve um tempo de despedidas:
Quis dançar com a lua
De olhos vendados...
Perdia-me na escuridão,
Presa à caixa de Pandora,
Não conseguia nem mais sorrir...
Ouvia o clamor do vento
Chamando a tempestade...
Aprisionada nos vítreos alçapões do sonho...
Via tudo se tornar insalubre...
Despedaçaram minhas emoções
Perdi o sabor, a vontade, o sentir...
Que nos faz seguir o brilho...
Ah... mas não há como fugir de nós mesmos..
O espectro de mim arrastou-me para o precipício
E à beira do vazio não há outro caminho:
Atirei-me à escuridão...
Sem voz, sem luz, sem nada...
Era mera sombra do que poderia ser...
Ao mergulhar neste abismo insondável
Abri os olhos e, com dificuldade,
Vi a lua a se derramar em luz...
Percebi que poderia ser mais...
Haveria ainda tempo
De lutar pelo que sobrou de mim?
Ah... eu também queria ser lua
Quem sabe até sol?!...
Era sonhar alto demais,
Mas nada somos sem sonhos...
E foi, naquele instante, que agradeci...
A lua e sua luz deram-me asas
E, de repente, pressenti ...
Que depois e apesar de tudo...
Eu ainda podia... posso voar!...

Um comentário:

  1. Esplêndido será uma palavra adequada? Não para a imagem da lua, não para o fulgor da imagem, mas para o poema mesmo e para o seu sentido. Não é, pois, esplêndido quando há algo, uma ideia, um sentimento, uma vivência significativa a transmitir? E não é ainda mais belo quando alguém a tudo isso alcança com as palavras exatas, com as locuções perfeitas? E não é ainda mais belo quando a alma está envolvida no que se faz, e a pessoa se transpõe no próprio poema? Se a lua nos chama e nos concede asas, será sonhar alto demais querer voar, querer uma nova vida, querer fugir do aprisionamento da escuridão? Perfeito. Belíssimo. Abraçossssssss

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