domingo, 28 de agosto de 2016

Medida Exata

Ah, o amor que, vez ou outra, vem e me arrebata
Que inteira me (des)orienta e (des)conserta
Emocionalmente me devora e devasta
Deixa-me só, a esmo, nua, (des)coberta

Alma em cacos se revela
Os sonhos se (des)norteiam e  eu me perco de mim
Solidão me leva e me desvela
Dá-me asas que se abrem neste espaço do sem fim

Ínfima como grão de areia
Mergulho no inferno da existência
Busco a medida exata entre o suplício e a poesia
Já que o céu subjaz a essência

Escombros desmantelam-me em mosaico
Fagulhas, partes, metades que inteiras se precisam
Além da indumentária social ou do prosaico
Debruçam-se nos ombros que me abraçam

À espera de outro tempo
Quiçá uma nova história
Capítulos nos (per)passam a limpo
E descortinam sombras da memória

Ilusões, frustrações, tentações
Despedaçam todas as nossas certezas
Arranham as mais seguras convicções
Ao vento, atiram medos e dúvidas pela correnteza

O ser que se ergue das cinzas no ar
Acredita ainda nos sonhos do amor
Não este que se verteu em pó e dor
Mas outro que aplaca asperezas e de novo faz (a)mar!


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