quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Dádiva

Olho longe o infinito a se desenhar em espiral...
Perco-me no que imagino e desejo ver,
Ouço as partituras do meu coração bater...
Descompasso fremente sem igual

A vida segue seu curso, busca-se a foz:
Não se podem deter instantes singulares
São sempre fugidios e fugazes..
Transbordam dentro e se derramam em nós!

Rasga-se o tempo de outrora em tom prosaico:
Fragmentos multicores reconfiguram o mosaico,
Outro recorte – pedra em forma de flor:
Será possível enfrentar seja lá o que for?

O precipício à frente se plasma:
Os passos turvos delineiam o caminhar...
Caminhante voluptuoso almeja a música fantasma
E a alma se converte num sonho a dançar...

Pés descalços pisam espinhos e sombras,
Olência perturba devaneios, altera a direção...
Deseja-se o céu, mesmo em pleno deserto.
Oásis? Toca-se a areia em frenesi: paixão!

De onde vem esse cheiro de flores?
Onde estará plantado o horizonte sonhado?
Acordes de violoncelo desdobram-se em dores
Despe a alma encantada à procura do amado

Ser amorfo olha-se no espelho quebrado:
Quem é este que me desnuda a alma perdida?
A face triste, alquebrada, contorcida...
Transmuta-se num sorriso – Dádiva – Presente esperado!

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