Como
num conto de fadas às avessas,
Vestiu-se
com sonhos para dançar à luz da lua cheia,
Queria
ser diferente,
Quem
sabe cantar nas noites quentes de verão?!...
Esperava...
Esperava... Esperava...
Como
princesa encantada, acordar desse sono profundo,
Mas
não havia príncipes, nem sapos...
Apenas
escolhas: histórias de amor, quase sempre,
Inacabadas
e incompletas, desfilavam-se em desilusões...
Na
busca inconstante, o vazio se perpetrava...
A
falta de amor próprio e a ausência de autoestima
Destituíam-lhe
de si mesma...
Despida
de esperanças, via o caos imperar...
Ia
se perdendo por intrínsecos (des)caminhos...
De
pés descalços pisava a areia fina e clamava aos céus:
O
que fizera de si mesma? O que devia procurar?
Onde
se perdera? Quem era?
Quantas
dúvidas... tantos medos...
E
nos confins da alma, encarcerava-se...
Já
não lhe restava mais do que cacos...
A
escuridão não lhe permitia contemplar-se...
Sentia
o perfume das flores, mas não via o jardim...
Acorrentava-se
aos sonhos de menina,
Mas
não se percebia...
O
tempo sempre é implacável
E,
à medida que as areias desfilavam na ampulheta,
A
vida lhe cobrava o despertar...
A
menina tinha ficado em alguma esquina...
Quem
agora andava pela praia
Era
uma mulher, desencantada, mas madura,
Repleta
de cicatrizes invisíveis, contudo viva...
Incomodada
pela letargia,
Colava
seus cacos, enfim reagia...
Já
não seria mais possível esperar
Pelo
“Foram felizes para sempre”...
Porque
estes finais “(in)existem”...
Não
há fim... Estamos no meio da história...
É
preciso compreender as incongruências do ser...
Ver-se
como protagonista de uma história real...
Repentinamente, abriu os olhos,
Para
mirar-se naquele espelho perturbador:
Via
uma mulher e suas marcas...
Era
tão diferente do que imaginava...
Não
era o que pensavam, nem o que queria...
Havia
equívocos... tanto na superficialidade...
Quanto
mais na profundidade...
Seu
olhar refletia o que escamoteava:
Muito
do porvir para concretizar...
Pouco
do ontem a se materializar...
Era
uma mulher comum: nem feia, nem bonita...
Nem
doida, nem santa; nem demônio, nem anjo,
Nem
princesa, nem bruxa...
Seu
reflexo era torpe, seu sorriso melancólico,
Mas
sua essência tão humana e tão divina
Que
a permitia tocar o céu, sentir o mar...
Ser
o sal e o mel de um mesmo olhar...
Desmanchou-se
em enigmas e fez desabrochar:
Quimeras
desfolhando-se em primaveras,
Estilhaços
em mosaicos...
Perfumando
um novo amanhecer...
No
espelho uma nova face se via... Multifacetada...
Apenas
uma mulher e todos os sonhos do mundo!
Ainda
havia um quê de menina...
Tinha
em si a ingenuidade e a malícia...
Acreditava
no divino, mas vivia o profano...
Era
ao mesmo tempo a deusa e a feiticeira...
O
sapo e o príncipe desencantado...
Era
a princesa que dormia e o lobo que a engolia
Era,
de alguma forma, aquela mesma menina
Num
desvario, num suspiro, num corpo de mulher!
NOVO ANO, novas conquistas, realizações de muitos sonhos.
ResponderExcluirQue tudo ande por estradas concretas e sempre floridas neste 2014.
Um abraço