Às vezes passamos tempo demais
adormecidos sem perceber:
É preciso abrir os olhos “a – cor – dar”
Ou seria “dar cor a...”?
Desperdiçamos tempo acreditando que esse
era o jeito certo de ser...
Todavia, talvez, este fosse apenas o
nosso avesso,
O verso de nosso reverso...
É chegada, então, a hora de destrancar a
caixa de Pandora
Onde trancafiamos os nossos sonhos de
outrora...
Quando os ciclos se fecham...
Vemos parte de nós indo embora...
E, no espelho retrovisor, lá fora...
Vemos se despedir de nós os sonhos que
não vingaram...
Morre-se o que foi sonhado e talvez
pudesse ter sido...
E não foi, sequer, vivido...
Despedir-se de nós mesmos dói: devasta...
Contudo, nesta agonia, gestamos a luz
que nos destrava...
É comum acharmos que não estamos prontos...
É comum nos acomodarmos à escuridão...
É comum nos acalentarmos à sombra de
nossos medos...
É comum espreitar pela fresta a poesia e
a paixão...
Difícil mesmo é aceitar que “tudo tem
seu tempo”...
Difícil é amargar as desilusões...
Depois de dançar tango com as ilusões....
Depois de sentir, no corpo e na alma,
tantas emoções...
Romper a crisálida e ver no espelho
nosso reflexo
É deixar a luz entrar e retirar a
máscara da vulnerabilidade...
Aprender na dor a dar forma e força às
nossas asas: tão complexo...
Confortável era mesmo a sombra que
escamoteava nossa identidade...
No entanto, quando o tempo de lagarta se
esgota,
Não se pode mais morar no casulo ou no
castelo do passado...
É preciso encontrar outra saída, outra
rota...
E esse despertar inexorável provoca um cataclismo
revelado...
Terremotos, tsunamis, caos absoluto:
Desta dor descomunal, ressurgimos,
renascemos...
Já não somos os mesmos de antes: amadurecemos...
Nem nos reconhecemos no reflexo que nos
olha resoluto....
Pairamos, neste instante, sobre um campo
de girassol....
Aperfeiçoamos a razão ao atravessar o
deserto dos sentidos
Ficamos tempo demais catatônicos e
perdidos
Agora, como borboleta, vemos um novo tempo:
arrebol...
Neide Cristina Soares
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