Intercruzamentos de histórias
Dedilham em nós memórias
Reacendem fagulhas perdidas
Faces de um porvir esmaecidas
Registram-se na digital da alma
Reflexos surreais da palma
Fetiches atemporais desmembrados
Revelam a ausência de ideais desgrenhados
Sem máscaras, de forma ainda mais sincera
Despeja-nos no vazio que em nós impera
Mesmo que ao outro se negue
Duela-se tudo que em nos se renegue
A mente doente afasta-nos do sonho dormente
Semente que não se vê, apenas se pressente
Engana-se aquele que foge do amor
Justificando-se com o seu descompasso de dor
Paradoxo: perfume e espinhos em flor
Não se sufoca a humana essência no desamor
A dor mente o que realmente se sente
Camufla nas dobras do tempo... desejo iminente
Nem demônios, nem anjos... nem santos, nem profanos
Insignes instantes mágicos tornam-nos humanos
Sorvem-se necessidades das raízes alquebradas
Projetam-se asas aflantes, flamejantes, amadas
Toca-se o poder do céu na terra
Vemo-nos pequenos, míseros aprendizes em guerra
Buscam-se explicações plausíveis
Para nos transmutarmos de papéis previsíveis
Desabitados de nós, vazios de valores
Perecemos... condenamo-nos aos dissabores
Urge alterar o tempo oportuno
Vencer o claustro noturno
Ver a luz,... ser vento vindouro, suave, destemido
De expectativas múltiplas desprovido
Repleto de sonhos: sorrisos, toques, sabores
Sentimento: aquarela de mistérios multicores
Piscar de olhos entre eternidades
Traz-nos de volta efemeridades
Gosto de estrela na mão
Suspiros de saudade no chão
Absolutamente entregues aos braços da felicidade
E a sua tão cruel clandestinidade