Desprendem-se em metáforas aladas...
Escorregam no baloiçar do vento, nas asas do tempo...
Despejam na página nua a cor púrpura dos sonhos...
Há uma melancolia fria invadindo a alma...
Estou esquecida no passar veloz das horas...
A rotina sufoca-me e amedronta-me...
Mergulho nas páginas de mais um livro...
Liberto-me das desilusões, dedilho imagens
Alhures... Noutro momento... Talvez no firmamento...
A luz boreal lampeja reflexos multicores...
Estaticamente, plasmam-se instantes...
O poeta das ilusões sussurra-me suas canções...
São versos de solidão, aspirações, desejos do coração...
Pedem auxílio para que se esqueça da vaidade...
Insistem que prossigam os passos...
Lenta e continuamente, em busca da concretização...
Tornar-se um deles? Não sei se posso...
Quero... Mas não sei se mereço...
Conflitos em mim duelam assim:
Desfecham golpes, latejam a dor do esquecimento...
Medos perturbam-me, desafiam algumas marcas...
A agonia persiste, cicatrizes pulsam...
Como se abrissem uma lacuna de dor...
Gritam segredos...
Receios de perder a luz que se acende em mim...
Não quero ficar novamente só...
Fecho os olhos, não vejo nada...
As sombras do passado desgrenham o presente...
Peço perdão, mesmo desconhecendo o erro...
Não importa mais... Existem pedras a vencer...
Há flores com perfume inebriante...
Toco meus sonhos... Abro os olhos...
Contemplo as estrelas distantes
Que iluminam as noites sem lua de minh’alma...
A noite se vai e o sol despeja-se douradamente
Entrego a Deus os medos e os sonhos...
Curvo-me diante da grandeza do caminho...
Meus passos ainda torpes revelam:
Fui escolhida para desenhar metáforas,
Expor ou camuflar a sabedoria de outrora...
Abraço minha missão, não há como fugir...
Não se pode fingir que é normal sentir-se preso...
Há algo em mim...
Um devaneio que aladamente decolou...
Pássaro encantado que guardou suas asas
Anjo transvestido humano canta sobre minha cabeça...
Caminha escondendo suas asas, toma-me pela mão,
Revela-se e desvela a direção...
Ouço sua voz, que tantas vezes preenche meu silêncio...
Sinto afastar-se de mim a solidão...
Várias são as formas; muitas, as histórias divinas
Contadas e cantadas por mãos humanas....
Lágrimas e anseios esfarelam-se em palavras...
Eu, de olhos vendados, busco olhar atentamente...
Encontrar a luz, que tive tanto medo de ver...
Havia receios de não a merecer...
No alto da montanha, olhos fechados, braços abertos...
Prontos para em asas se transformarem...
Não estou sozinha, abraçada ao anjo...
Permito-me e sinto asas ao vento ruflarem...
Ouço sua voz, partilho o seu ou o meu sonho?
Não importa... Dúvidas vão e vêm...
Todavia permaneço, anoiteço e adormeço...
Ao abrir os olhos, verei o que está além...
Agradeço, amanheço e prossigo...
Meus pés descalços tocam a areia...
Sinto a água fria a banhar-me...
Entreabro meu coração
Há uma chuva multicor de pétalas de rosas...
A alegria espanta a tristeza...
A luz, o bem e o amor escancaram-se...
Sinto-me grande, embora seja tão pequena...
Cada um se torna essencial, é uma peça única...
Eu nunca quis jogar,
Mas a vida transformou-se e transmutou-me...
Agora, descortino véus...
Sou grata aos amigos, anjos, e porque não os céus?!...