terça-feira, 18 de junho de 2019

(Entre)linhas




Navego num mar de palavras...
Mergulho nelas...
Transbordam minhas emoções
Que gritam em silêncio...
Debulho-me nas entrelinhas dos versos:
Estilhaços de mim... Fragmentos oníricos...
Sem métrica ou rima: (inter)textos...
Fruição a descortinar medos:
Sensações fluem
E reconhecem pedaços de sonhos...
Dores se diluem,
Esfaceladas pelo desdobramento do tempo...
A pedra bruta,
Em estado de espera,
Vê-se parte do todo...
Um mosaico que constrói a estrada do poeta,
À margem do rio delineia-se sua travessia:
Tece a antiga trama do poema vivo
(inter)cruzando prosa e poesia...
Entre luz e sombra, reviram-se expectativas em escombros...
Metáforas desenhadas dedilham histórias contidas,
Enclausuradas nas palavras silenciadas e/ou proferidas...
Abraçam a alma ferida, revertendo na voz o silêncio sentido...
(Des)vendam o desmedido, desmensurado, perdido...
Ah... Humano mosaico de emoções
Que conecta suspiros, sorrisos e lágrimas...
Desmancham-se, dobram-nos ou nos quebram
Para nos elevar ao céu ou nos atirar à lama
Duelam em nós e conosco...
No âmago, grão de areia transformado em pérola...
Lagarta transmutada em borboleta...
Amálgama de formas e sentidos compondo a canção
Palavras... Palavras... Palavras...
Sentidos (in)versos
Avessos ao tempo
Configuram-me: alma em constante metamorfose!


terça-feira, 9 de abril de 2019

Tempo para sonhar?


Ah... A vida sempre nos obriga a crescer...
O tempo nos rouba a leveza da inocência...
Retira-nos a venda – obriga-nos a amadurecer:
O espectro almejado vê a alma torpe e vazia.

De repente, vê-se a areia deslizar pela ampulheta...
A vida, rapidamente, se esvai, escorre pelas mãos...
Nem mesmo lembranças conseguem manter a silhueta
Do mosaico almejado, desenhado por tantos “nãos”...

O tormento daquilo que foi perdido...
No correr das horas, apenas olhares translúcidos...
Reminiscências do que queríamos ter sido...
Anos dourados já esmaecidos...

Haverá ainda tempo para sonhar já que se liquefaz a vida?
Haverá espaço para amar neste plano cartesiano e pragmático?
Haverá “amadores” prontos para desbravar sua crisálida?
Haverá interlocutores aptos a um diálogo justo e ético?

Haverá ainda horas de outrora a nos embriagar de juventude?
A face que olha e não nos vê está impregnada de amargura
Ou há ainda naquele olhar um traço mágico de inquietude?
Ah... São marcas de saudade, sulcos de impetuosidade e doçura!

Psiu... Ouça o marulho do mar...
Há um tilintar brindando outro sonho
Será possível se despir dos medos
E ainda encontrar tempo para amar?

Amar as cicatrizes que carregamos no olhar...
É aprender a aceitar nossas imperfeições,
É esquecer as máscaras das ilusões...
É, novamente, nos entregar e a um novo tempo abraçar!