segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Agora



Vida: aprendizado único
Por onde desfilam
Dissabores, intempéries, tempestades...
Assim como
Quimeras, devaneios, primaveras...
Desenhando aquarelas,
Rascunhamos histórias,
Olvidando memórias,
Costurando personagens,
Vestimo-nos de protagonistas
Para compor novo poema.
Em meio a este mosaico de nós mesmos,
Buscam-se verter, em realidade, nossos anseios...
Desdobram-se no que somos
E também no que queremos...
Muitas vezes tão pouco podemos...
E acreditar em nós devemos...
Nem sempre se alinham
Dever, poder, querer...
E nos decepcionamos...
Estamos constantemente frustrados...
Perdemo-nos na angústia,
Na depressão e/ou opressão
Preocupamo-nos em demasia...
Não nos situamos no presente...
Quase sempre se vive ausente...
Esquecemo-nos lá no passado
Ou esperamos demais pelo futuro...
Pedras podem ser analisadas, quebradas
Já nos feriram suficientemente...
Já nos ensinaram sua árdua lição...
Nuvens podem ser imaginadas, ultrapassadas...
Quem sabe alquebradas...
Afinal, dissipam-se nos dias claros...
Tudo o que se tem é AGORA:
Aqui residem todas as possibilidades...
Sem dúvida,
É preciso voltar o nosso olhar
Para o passado e sonhar...
Mas antes e acima de tudo,
Urge sorver o perfume,
Dividir agruras e vitórias,
Encadear elos, fazer laços...
Vencer percalços...
Saciando-nos de experiências
Conquistadas no ir e vir
De tantas e muitas vivências...
Preferencialmente, de mãos dadas,
Entrelaçados na missão intercruzada
De nos soerguermos de nossos tormentos...
É preciso sair da sombra
Para vislumbrarmos a luz...
Tornar doces nossos momentos,
Encontrar dentro e no outro
Espelho de afinidades...
E, juntos, colorir a alma
Com suaves diafaneidades...
A felicidade existe além de nós...
Guarda-se no espaço sem fim...
Que nos desdobra em outra alma...
E sigilosamente nos conduz
Ao universo onírico e mágico
Que nem sempre pode ser visto
Que precisa ser vivido, sentido...
Porque é na travessia
Que dorme o amor!

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

É proibido?


É proibido sonhar
Diz a tempestade
Que teima em me devastar...

É proibido viver
O desabrochar do meu jardim,
Pedaços de mim que vejo se perder?...

É proibido sentir
Os aromas e os sabores
Entrelace de laços, amor a florir?...

É proibido se arriscar?
Deixar de lado todos os medos,
Afinal, já se cansou de chorar?...

É proibido ter
Sonhos, acreditar em quimeras,
Olhar para trás sem mais nada temer?...

É proibido pedir
Para que nos libertem das prisões
E, novamente, possamos sorrir?

É proibido pensar
No futuro, no presente e no passado
Caminhos em nós a se intercruzar?...

É proibido se soerguer?
Abrir os olhos  mesmo sem se ver?
Deixar-se levar sem, de fato, entender?

É proibido prosseguir
Na direção do coração?
Mesmo porque não se sabe mais aonde ir...

É proibido acreditar
Em si mesmo, fazer novos planos
Que nos permitam outros voos alçar?...

É proibido perder
O medo de se arrepender?
Debulhar metáforas e perfumes com prazer?...

É proibido mentir
Para nós mesmos?
Desejar viver sem mentiras no porvir?...

É proibido cantar
As canções que nos fazem dançar a alma?
Que reinteram a calma no falar e no calar?...

É proibido ver
Destroços, tropeços e cinzas?...
Não se pode fraquejar diante do nosso poder?...

É proibido vir
Sem bagagem de desamor e dor?...
Afinal, só há valor sem se iludir...

É proibido dançar
A dança do tempo e dos ventos?...
Apropriar-se do céu e do mar?...

É proibido vencer
Os obstáculos do destino?...
Aprender a ultrapassar limites sem sofrer?...

É proibido partir
Da mesmice, do conformismo e da passividade,
Porque há tantos caminhos a seguir?...

É proibido amar?
Mas só o amor nos liberta...
Retira-nos da letargia e nos permite devanear...

É proibido crer?
Sem sonhos não se pode sobreviver...
Sem amor e sonhos só se pode fenecer...

É proibido proibir:
Afinal,  todas as proibições são ridículas!
É preciso em nós acreditar: sonhos permitir!

domingo, 4 de agosto de 2013

Beija-flor



As tempestades da alma
Devastam a calma...
Deixam-nos apenas assombros,
Sufocam-nos sob os escombros...

Atiram-me ao vazio
E mesmo sóbrio, sinto-me ébrio...
Tingem de cinza todos os momentos...
Despedaçam-me esses tormentos...

Contudo, depois da escuridão...
Das sombras, da noite e da ilusão...
Há a claridade do dia,
Esperança, bonança, talvez alegria...

É preciso sair da mesmice...
Mesmo com recaídas de pieguice...
Moldar outro mosaico de destroços...
Matizar de cores novos prelúdios...

Permitir florir as emoções...
Dançar e cantar muitas canções...
Transbordar aromas nas missões...
Debulhar em versos nossas paixões...

E de repente haverá em nós...
Um novo tempo desfazendo nós.
A neve derreter-se-á de repente...
Será primavera, aqui, no presente.

Surgirão poesias e suas metáforas...
Que se enfeitarão de rimas diáfanas...
Desenharão um belo jardim...
Com certezas e correntezas sem fim...

E quando sinuosamente versar...
E quando silenciosamente desabrochar...
E quando possibilitarem dias claros...
E quando exalaram perfumes  raros...

Ver-se-ão abrir as grades da prisão...
É hora de voar em direção...
Aos sonhos, nos corações, refeitos...
Aos medos, por amor, desfeitos...

Não se podem aprisionar pássaros...
Muito menos sentimentos...
Bate as asas, agilmente, o colibri...
Em busca daquela flor que lhe sorri...

São muitas cores e flores...
Desfolhadas, dedilhadas pelos amores...
Mas o beija-flor vem de leve...
Quer que a lua o leve...

Para beijar aqui e além...
As estrelas do seu bem...
Sabe onde encontrar outrem..
Afinal, sempre, esteve dentro deste alguém!