segunda-feira, 30 de julho de 2018

AMOR É ESCOLHA


Quantas palavras cabem dentro de um olhar?
A língua muda dos sentidos aflora e nos revela...
É um instante infinito perdido entre nós e o sonhar...
Que tanto nos trouxe e ainda mais desvela...

Quantos segredos inconfessos selamos num abraço?
A voz da alma confidencia em lágrimas nossos (des)pedaços...
Necessita-se dos sentidos silenciosos e imprecisos...
Do dedilhar atrevido e/ou do suspiro que trespasso...

Quantas emoções trancafiamos nos dias mornos?
Preferimos a mesmice à intensidade do inesperado...
Mais confiável é o que se pode controlar: dias monótonos...
Esquecemo-nos num canto, não cabia pensar no poema desejado...

Ao escolher palavras, sentimentos delimitamos,
Marcamos invariavelmente a tessitura dos sentidos...
Vertemos sobre nós a tinta dos sonhos contidos...
Ainda que o imprevisível e o inefável duelassem em nós...

Não se escolheu a paixão, mas ela nos consumiu sem medida...
Entregamo-nos de corpo e alma...
Sem pensar, deixamos a poesia ser escrita... desmedida...
Sem perceber o amor nos tirou e nos entregou à calma...

Quanta poesia delineamos?
Nossos sentidos saborearam as palavras...
E as mesclaram a linguagens outras...
Somos versos e juntos tantos outros tomamos...

Embebidos em chocolate, café ou vinho?
Alguns puros, secos, doídos...
Outros doces, leves, fluidos...
Entretinham as entrelinhas com carinho...

O poema destila o que nos tornamos:
O que fazer com as escolhas do sentir?
Estar entrelaçados escolhemos?
Encontro de ontem no agora e no devir!


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Palavras Esquecidas



Quantas vezes esquece-se o que se sente num quarto escuro e seguro?
Despeja-se o brilho do olhar no vazio taciturno das horas mortas...
Vamos nos deixando pelo caminho e nos perdendo em curvas tortas...
Não se pode inventar tudo, apenas encontrar nossa essência...
O que importa não é o porto que nos abarca, mas a travessia...

Precisam-se desenrolar sombras para aquiescer sonhos...
Não se pode viver à margem de si mesmo...
Não basta acreditar nos sentimentos...
É necessário ultrapassar muros, cruzar pontes, andar a esmo...
Desmensurar-se em versos desmedidos...

Onde estão as palavras mal ditas?
Sentidos se quebraram e nos despedaçaram?
Ah... Palavras de amor, num velho diário, esquecidas...
Cujos significados as rimas enferrujaram
No papel amarelado e enrugado lágrimas se revelam...  

Deveriam... Precisavam imensamente ser ouvidas,
Talvez transmutadas em beijos furtivos, em segredos,
Para enfim... Pintar a aquarela do ontem para o devir...
Contudo, borraram-se as tintas coloridas,
Ficaram trancafiadas nas gavetas dos medos.

Numa caixinha pequenina, guardou-se a intensidade...
E, vez ou outra, a sacudíamos para certificar se lá estava...
Escamotearam-se as vozes que baixinho suspiraram de saudade...
Em meio a máscaras sociais a história escrita era arriscada...
Cega, perdida, confusa, tateando os versos da verdade...

Camuflou-se o desejo, destruíram-se pontes, construíram-se muros...
Negou-se, rejeitou-se, fugiu-se... Estilhaçamo-nos diversas vezes...
Desviou-se o olhar, a direção... Tentamos apagar nossas cicatrizes,
No entanto, não há como negar que não se controla nada...
O sentir é insondável, intangível, indelével, capaz de nos fazer felizes!