É preciso despertar da letargia...
Não se contentar com o comodismo,
Nem se conformar com a cotidiana agonia...
Vivemos acorrentados às máscaras sociais...
E, como escravos de uma sociedade desigual,
Navegamos, desorientados, perdendo-nos na travessia...
No vazio fantasmagórico, exaurem-se nossas emoções e energia...
Esquecemos nossa humanidade, olvidamos nossa essência,
Contudo uma 3ª Guerra Mundial arquiteta mudanças:
Enclausurados em casa, fomos condenados ao confinamento...
A uma rotina repetitiva, exaustiva, desgastante...
Que nos afasta do mundo externo e da felicidade aparente,
Aprisionando-nos dentro da crisálida que somos...
E lá, nos confins desvanecidos da memória,
Encontramos aberta a caixa de Pandora...
No fundo, uma pena de prata e um papel vazio...
Vertidas em palavras delineiam-se nuanças de poesia...
Poeta desbravador, sem mapa ou bússola,
Insiste em adentrar “por mares nunca dantes navegados”...
Ainda que à deriva, despeja sobre nós a voz do coração...
Persiste, na alma, o clamor do sonho que nos desperta,
Ainda que nossa imagem perambule perdida pela rua deserta...
As metáforas abraçam-me, abarcando o clamor dos trovadores...
Querem respostas e eu só carrego perguntas:
O que é isto que chamam de amor?
O que estava dentro de mim e eu não via?
Como não percebia o que sentia?
Por que negar o que dá razão à nossa existência?
Onde estará este sentimento?
É possível estar só e guardar em mim todo o amor do mundo?
Como amar a quem não nos merece?
E nós, merecemos, de fato, todo amor que recebemos?
Ainda há expectativas nos corações que amam?
Amor real ou virtual?
Carnal ou platônico?
Escancarado ou escamoteado?
Hétero ou homossexual?
Toda forma de amor vale a pena?
Ah... sem dúvida, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”...
Os gregos antigos reconheciam sete tipos de amor...
Qual deles define melhor você?
“Philautia”, aquele amor que temos por nós mesmos...
Certamente, é onde o amor deve começar: amor próprio!
“Pragma”, baseado na dedicação ao bem maior,
Está sempre a serviço de metas compartilhadas ou de aliança
política.
“Ludus”, oposto de Pragma, é o amor descompromissado, divertido,
Não se faz durar por si próprio, porque seu foco é o prazer.
“Eros” é pura paixão e desejo, é o amor mais perigoso,
Porque nos consome, desafiando a lógica e a razão...
“Philia”, sentimento sincero, platônico e mutuamente benéfico,
Compartilhado com nossos irmãos ou amigos próximos.
É muito sábio, prioriza a conexão íntima e autêntica com o
outro.
“Storge”, amor especial, poderoso e eterno...
Mas que não se constrói entre iguais:
Os pais amam seus filhos, incondicionalmente, sem esperar
nada em troca.
E “Agape”, o amor universal, a que todos nós aspiramos
sentir.
Dá-nos o desejo de fazer o bem, sem olhar a quem, com compaixão
e altruísmo.
Indubitavelmente, há muitos tipos de amor, tantas formas de
amar...
E deixamos nos esvaziar no preconceito, na arrogância, na
prepotência...
Esquecemos, de fato, nossa essência...
Não perca tempo, não se sabe se estaremos aqui amanhã...
Dê cor e sentidos a todo tipo de amor...
Antes? Depois? Agora! Mesmo em tempos de isolamento...
É evidente que não interessa o tipo, a forma, a raça, o sexo,
a crença...
Sinta o amor bater de leve à sua porta...
Abra a mente, o coração, a alma... Veja que nada mais
importa,
Apenas amar, ainda que, na quarentena...
Afinal, toda forma de amor vale a pena!