terça-feira, 25 de julho de 2023

 

E SE...

 

E se eu tivesse feito escolhas diferentes?

Quantas vezes nos perdemos na travessia...

Apenas deixamos a vida nos levar,

Sequer paramos para pensar...

No vai e vem das areias da ampulheta

E trancafiamos na memória nossa essência...

Rastejando como lagarta não reparamos que a alma é de borboleta...

 

E se eu tivesse conseguido me desvencilhar do passado?

Tantas vezes nos deixamos conduzir...

Na dança dos ventos e no baile das ondas...

Encontrando nossos fantasmas, amargamos nossos medos

Seguimos vendados, destituídos de esperanças,

Preferimos não ver quem somos, escondemos nossos desejos

E, repentinamente, vemos o nosso castelo de sonhos ruir..

 

E se eu tivesse, desta vez, ouvido minha intuição?

Algumas vezes nos vemos em cacos...

Destruídos em mil pedaços, em escombros,

Seguimos tentando compor um mosaico multifacetado...

Já que perdemos nosso reflexo nos fragmentos do espelho quebrado...

Devíamos ter escutado a nossa própria voz e mudado nossos passos...

 

E se eu tivesse seguido outro caminho?

Vez ou outra, a vida, entre vírgulas, coloca-nos em pausa...

E nós que seguíamos o fluxo deste mundo líquido e insólito,

Procurando preencher nossas lacunas descomunais

Com inúmeros subterfúgios e máscaras sociais...

Vamos criando expectativas e acorrentando-nos em laços superficiais...

Escamoteando nos excessos, não notamos o que o esvaziamento nos causa...

 

E se eu tivesse seguido meu coração?

Se tivesse deixado de lado essa maldita voz da razão...

Que insinua o tempo todo que ando torpe pela linha reta...

Que me mostra desfigurada no mosaico de cristal colorido...

Tão insone quanto os ébrios que desenham a ilusão...

Ainda que fragmentada a vida segue seu curso (re)definido

Afinal, não há “e se...” apenas o que delineamos como uma nova direção!



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