“EU
SOU MEU PRÓPRIO LAR”
Vozes ancestrais em mim
ecoam...
Ouço a voz da mulher
que, ao redor da fogueira, dança...
Ela bate palmas e sorri
para as borboletas que voam...
Ela também chora a
violência que rouba seus sonhos de criança!
Ouço a voz da sacerdotisa
que conhece ervas curativas e a sorte
Unindo em suas mãos o
poder de cura de mãe e avó
Alivia dores do corpo e
da alma: desata o nó...
Aprendeu a apreciar a
vida e a aceitar a morte!
Ouço a voz da camponesa
que colheu o que não plantou:
Aprendeu a cultivar a
terra e a ouvir os segredos da natureza ...
Ao se harmonizar com
ela, reconheceu sua magia transformadora
E por isso também foi
julgada e condenada de forma devastadora!
Ouço a voz da rainha
que sentia cheiro de flores ...
Enquanto predizia o
futuro de dores
Não queria ver sofrer os
que amava
E por isso como bruxa
foi queimada viva!
Ouço a voz da menina
frágil que acreditava em contos de fadas
Quis ser princesa, mas
a voz da bruxa roubava-lhe a fantasia
Quis ser grande, mas
foi nas delicadezas que fez a travessia:
Metamorfoseou-se em
mulher através das palavras...
Ouço a voz das
histórias que ouvi acordada...
Das mulheres que foram
amarradas, amordaçadas, encarceradas,
Muitas aparentemente
livres vivem com medo, cerceadas...
Outras nem percebem o
tamanho ou o luxo da sua gaiola dourada!
Ouço a voz da mulher “triste,
louca ou má”...
Que foi rotulada assim,
por recusar seguir a tal receita cultural
De “ser bela, recatada
e do lar”...
E mesmo em meio a
tantas dores decidiu mudar...
Ouço um refrão que não
me define:
Desatinada, louca,
desvairada, pela estrada torta...
Desato todos os nós
ancestrais...
Queimo o mapa e mudo
minha rota!
Delineio para mim uma
nova estrada
Reinventando a história
ainda não contada
Sou a mulher que faz
sua trajetória se transmutar
Afinal “eu sou meu
próprio lar”!
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