A alma que sou não cabe cá dentro
(Des)dobra-se em versos
desmedidos
Em sentimentos desmensurados
Sempre em busca do epicentro
Este desdobramento de emoções
(des)conexas
Revira as areias da minha ampulheta
Rompe paradigmas, retira-me
da gaveta
Desmoronam-se certezas côncavas
e convexas
Há marcas que não podem ser
apagadas
Em mim... Ainda latejam e
gritam
Outras se fazem cicatrizadas
e silenciam
Estão lá no fundo, no âmago,
cravadas
A palavra é o espelho do
sentido
O verso reflexo do vivido
As entrelinhas despejam o
incontido
O imensurável desejo descomedido
Transborda em poesia
A vida que lapida a alma em
travessia
Urdidura singular e divina:
via que me desvia
Ousadia de sentir em demasia
Aquilo que silenciou o
indubitável
Agora escancara o quão sou frágil
assim
Ecos e gritos nos confins
deste meu sem fim
Vejo o que sempre neguei...
Ah... poeta miserável
Deste-me asas e me roubaste a
utopia
Tenho a clarividência, a
lança,
Mas minh’alma já não alcança
A luz que enfim me conduziria
A sentir ou ir a algum lugar
além do abismo
Abriste as janelas do
conhecimento
E, agora, já não ignoro o
sofrimento
Saber arrasta-nos ao ostracismo
Por que me deste a (in)consciência
poeta incansável?
Ainda colo os cacos da alma
quebrada
Mosaico (des)configurado de
voz alquebrada
Horizonte delineando o devir:
és fugaz, poeta venerável!
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