Lagarta enclausurada no
casulo,
Absorta em sua dor,
Imersa na escuridão,
Consome-se cotidianamente
Nas agruras destes nossos
tempos...
Despeja-se na liquidez
disforme dos fatos...
Sua alma intrépida transforma
sua essência:
Crisálida, presa, num fio de
seda,
Dançando à luz prateada do
luar...
Tênue fio da vida
transmutando emoções...
No burilamento das sombras,
Há o encantamento das formas...
Revolvendo tudo tempestades
internas...
Erupção de sentimentos
ignotos:
Alguns exímios e nobres,
Outros vis e torpes...
Dualidade atroz: insana e
humana
Que hora nos conduz ao céu,
Noutra nos atira ao inferno...
No firmamento, a lua beija o
mar...
Numa rara confluência
subliminar,
Despetalar de sonhos em flor:
Florescer de porvir a nosso
dispor...
Sentidos à flor da pele...
Sutis e esperadas
configurações...
Esvaziamento de opressões...
Gotejar de esperanças
vindouras:
Os primeiros raios de sol
despontam,
A crisálida rompe a fina seda,
Desabrochar da crise
existencial:
Asas aflantes e coloridas,
De pudor e tabus desprovidas...
Abraçam-me e se esvoaçam...
Buscando outras direções.
Entreabro a janela da alma
E vejo onde estou:
À procura de mim mesma,
Enfim, desperto da agonia ignóbil...
Pressinto a leveza do vento...
Ah... Tenho asas!
E, finalmente, sinto que
posso voar...
Feito borboleta errante!
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