Quantas vezes esquece-se o
que se sente num quarto escuro e seguro?
Despeja-se o brilho do olhar
no vazio taciturno das horas mortas...
Vamos nos deixando pelo
caminho e nos perdendo em curvas tortas...
Não se pode inventar tudo, apenas
encontrar nossa essência...
O que importa não é o porto que
nos abarca, mas a travessia...
Precisam-se desenrolar sombras
para aquiescer sonhos...
Não se pode viver à margem de
si mesmo...
Não basta acreditar nos
sentimentos...
É necessário ultrapassar muros,
cruzar pontes, andar a esmo...
Desmensurar-se em versos desmedidos...
Onde estão as palavras mal ditas?
Sentidos se quebraram e nos despedaçaram?
Ah... Palavras de amor, num
velho diário, esquecidas...
Cujos significados as rimas enferrujaram
No papel amarelado e enrugado
lágrimas se revelam...
Deveriam... Precisavam imensamente
ser ouvidas,
Talvez transmutadas em beijos
furtivos, em segredos,
Para enfim... Pintar a
aquarela do ontem para o devir...
Contudo, borraram-se as tintas
coloridas,
Ficaram trancafiadas nas
gavetas dos medos.
Numa caixinha pequenina, guardou-se
a intensidade...
E, vez ou outra, a sacudíamos
para certificar se lá estava...
Escamotearam-se as vozes que baixinho
suspiraram de saudade...
Em meio a máscaras sociais a
história escrita era arriscada...
Cega, perdida, confusa, tateando
os versos da verdade...
Camuflou-se o desejo,
destruíram-se pontes, construíram-se muros...
Negou-se, rejeitou-se,
fugiu-se... Estilhaçamo-nos diversas vezes...
Desviou-se o olhar, a
direção... Tentamos apagar nossas cicatrizes,
No entanto, não há como negar
que não se controla nada...
O sentir é insondável, intangível,
indelével, capaz de nos fazer felizes!
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