E como Pandora ora
trancafiamos segredos
Ora abrimos a caixa e os
permitimos sair
Dentro, mora sonhos ingênuos
Para os quais escancaramos as
portas do coração
Lá... Camuflamos a mesmice dos
dias mornos
Lá... Fantasiamos...
Entregamo-nos às brumas
Entregamo-nos às brumas
Abraçamo-nos, longamente, à
imagem intacta
E nem percebemos que lá fora...
O tempo dispara,
Corre veloz e nos atropela...
Corre veloz e nos atropela...
E, de repente, vemos nossa
alma estilhaçada...
Precisamos desesperadamente
acreditar
Que ainda é possível
transmutar a realidade...
Que ainda é possível acordar
além da letargia
Ali... Desponta as asas da
borboleta errante
Estavam presas à teia de
Aracne
Que desenhava os
sentidos roubados por outrora
É preciso cuidar do enlace
Do corpo que urge se sentir
vivo
Da alma que deseja conhecer
sua essência
Costuramos os momentos
Entrelaçados aos sonhos
Que se fazem nas entrelinhas
Mas ainda não sei onde estou
Qual é o bordado que tenho
desenhado
No meu caminhar taciturno?
O tear enreda-me, arrasta-me,
devasta-me
E de repente me olho do
avesso
E percebo que ainda está
inacabado
Este é meu lado certo
Revira-me: memória de
história aleatória
Remendando a travessia de
cicatrizes
Porque nem tudo está no lugar
certo
E o avesso sou eu... solta,
livre, torta...
Esperando, curiosa, ali, bem,
à sua porta...
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