domingo, 3 de abril de 2016

Capitu


A liberdade para mim
Nasceu flor -  jasmim
Transmutou-se em borboleta
Deu-me asas por onde eu for

O tempo me roubou de mim
Não me contentava em ser menos
Desdobrava-me para ser mais
Nada me é suficiente assim

Recusei-me a ser Amélia
Para ser parte do todo feito tu
Despedi-me da plateia
Preferi ser Capitu

Olhos oblíquos e dissimilados
Exibem a coragem de se ver
Ver o que se prefere tanto esconder
Imagens de rostos desfigurados

Recusei-me a ser Amélia
Por que queria ainda mais
Não me saciava a mesmice
Que calei na meninice

Ah, preferi Capitu
Tonta de sonhos
Recoberta de sombras
Pronta para ser mais

Não sei se Capitu é mais
Se Amélia é menos
Mas quero antes a intensidade
Que da outra a sanidade

Quero o gosto de pecado
Tão perturbador
Nego a calmaria da vida morna
Atiro-me longe no arpoador

Ah... Amélia és tão sensata
Mas eu não sei sê-lo
Talvez seja mesmo louca feito Capitu
Que voa longe e inquieta feito borboleta

Nenhum comentário:

Postar um comentário