Menina
de olhar desencantado
Ah... deixou
seu sonho ser roubado!
Viu esfacelarem-se
as flores: a primavera...
O rigor
do inverno secou a seiva de sua vida
Congelou
os ossos que a detinham de pé
Atirou-a
aos estilhaços: (des)pedaços!
Na desesperança
fria, ela sumiu...
Abraçou
a fumaça de si mesma sem fé:
Espectro
inumano... caminhava de pés descalços,
Suspirava
pelos (des)caminhos do tempo...
Ferida,
de coração partido... desabitado de poesia
Buscava,
quem sabe, um sopro do vento...
Mas no
outono ainda imperava a vida sem magia.
Encantada
com a lua, admirava as estrelas...
À espera
da luz de uma nova quimera...
Queria ser
novamente semente, pólen talvez...
E ver
florido o jardim da alma
A exalar
as metáforas mais lindas...
Sussurradas,
dedilhadas, silenciadas...
Num devaneio
em “Déjà vu”
Um anjo
de asas azuis
Deu-lhe
uma caixinha de segredos
Para
guardar lá no fundo do coração...
Ao
abri-la, a poeira dos sonhos evaporou-se...
De olhos
fechados ainda pode vê-las...
Com asas
aflantes em centelhas flamejantes,
Deitando-se
como céu sobre a terra...
Num ritual
sacrossanto e profano,
Fertilizou-se
com a água das despedidas...
Ressurgiu
à luz do amanhecer
O amor:
perfume sagrado das palavras sentidas!