A poeira da travessia impregna-se na minh’alma...
Desmesuradamente perambulo pela praia...
Busca-se o perdido... Talvez, no coração esquecido.
Nuances de sonho em chamas, em sal se derramam,
No vento se proclamam matizes de sol...
Que de mim se despedem, duelam e me transformam.
Assombros do ontem reluzem...
Vertem-se em luz as sombras de alquebradas ilusões...
Lágrimas e versos que tão bem me traduzem.
É preciso se soerguer, sorrir e agir...
Despedir-se da dor e das desilusões...
Transpor a passagem secreta e se abrir...
Vislumbrar a felicidade:
Tão delicada e tão bem delineada...
Ver além do visível... Transbordar: liberdade!
Deseja-se o que não se pode ter...
Ultrapassar, exceder-se, sobrepujar
A névoa que não se pode deter...
Perpassa-nos tão breve
e faceira...
Dá-nos o sabor do mel, deixa-nos o sal...
Toca-nos a magia e se esvai como feiticeira...
Asas escamoteadas, esquecidas, esmaecidas,
Decepados: anjos de uma asa só...
Tiveram seus sonhos roubados...
Há apenas lágrimas, desejos e pedras...
Encobertos por palavras, perfumes de flores raras...
Sorrisos esculpidos, delineados ou estarrecidos...
Em busca de outra asa que os faça voar...
E o céu na Terra tocar... Ah que bela quimera!
Agora, urge esquecer a escuridão, essa pantera!
Almas imperfeitas, anjos
caídos ao léu...
Debulham... Espelham-se... Esfacelam...
É fundamental buscar o nosso céu...
Felicidade: grande utopia! Insights corporificados...
Sombras que dançam... Transbordam enganos, sem dó...
Somos assim, por instantes: anjos...
Abrem-se os olhos e tudo que se vê é pó...
Segredos de abelhas... Poeira de estrelas...
Na vida, somos meras centelhas!