terça-feira, 19 de junho de 2012

Marcas do tempo


As marcas do tempo
Tingem os cabelos,
Fincam-se pele,
Enfraquecem o corpo.

Tudo passa...
Mas em nós,
Lembranças insistem...
Persistem...

Reviram a memória,
Encurtando a distância...
Diminuindo a ausência...
Construindo nossa história...

Foram poucos momentos...
De nós...
Meros fragmentos...
(Des)pedaços...

Hoje tantos são
Os tormentos...
Cacos de cristal
Despedaçaram-se...

Sobrou-se tão pouco...
Um pouco de mim
Foi-se contigo...
Aquietou-se em ti...

Sinto tanta falta...
Não sei se de ti...
Ou do que eu era
diante de ti...

Sinto saudades...
De tudo...
De ti...
De mim... quem sabe...

Fiquei em algum lugar
Da estrada deserta...
Teus olhos se perderam de mim...
Tua voz silenciou meus sonhos...

E eu me vi só
Em meio a tantas tempestades
Revirando meias verdades
Juntando um pouco mais de pó....

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Máscaras

Enigmas:
Faces ocultas...
Perdem-se por entre sonhos...
Enveredam-se pela realidade dos espinhos
Ferem-se nas agruras
Amadurecem...
Embrutecem...
Envelhecem...
Esmaecem..
Não revelam juventude...
Fazem-se maturidade...
Destituindo-se de vaidade
Para olvidar meias verdades...
Será que o destino me sorri?
Vê em mim a comédia
Ou o palhaço?
Será que o outro me vê triste?
Vê em mim o drama da existência
Ou o meu descompasso?
Escondo-me de mim mesma
Fujo pelos labirintos do meu eu
Escondo-me por entre os alfarrábios
Busco preencher de palavras o vazio da alma
No entanto, permaneço estática
Face imóvel,
Empedernida...
Falta-me a poeira do que ainda não vivi...
A estrada parece-me longa,
Cheia de curvas...
Sombras de árvores frondosas
Permitem-me descansar pelo caminho...
Flores de diversas cores...
De espécies raras...
Exalam-me seu perfume
Seduzem-me com suas nuanças...
O vento impulsiona-me a prosseguir...
Mesmo que eu não saiba ao certo
para onde eu deva ir...
Sigo sem pressa,
Sem olhar para trás,
Sem descanso,
Sem pensar...
Não que eu me deixe levar...
Não que eu me recuse a viver...
Não que eu não saiba sorrir...
Não que eu não possa escolher...
Porém muitos são os grilhões
Que nos aprisionam em nós mesmos.
Temos medo da nossa face secreta...
Preferimos a maquiagem:
Da beleza... da alegria...
Da certeza... da alegoria...
Construímos castelos de areia:
Verdadeiras fortalezas de sonhos...
Esquecemos que o vento soprará...
Levará os fragmentos...
Despedaçará convicções...
Moldará gigantescas montanhas...
E delas poderemos
Modelar nosso caráter...
Reestruturar valores...
Que compactuem com a essência...
Não apenas concordem com convenções sociais...
É preciso quebrar paradigmas...
Talhar uma alma inovadora...
Renovar votos de silêncio...
E clamar unissonamente...
Os anseios que trazemos...
Camuflados nos olhares tortos,
Nos passos rotos...
Miserável contorno disforme...
Que se veste de máscaras...
São belas couraças...
Roupagens suntuosas...
Que encobrem
A simplicidade...
A suavidade...
A pluralidade...
Dos pensamentos que nos denunciam,
Que mostram a face torpe
Do anjo caído...
Olhamos e preferimos não ver...
Veem-nos, mas não nos enxergam...
Somos invisíveis diante do poder,
Pois o nosso fascínio esconde-se...
Atrás das máscaras...
Ora comédia...
Ora tragédia...
Regam de risos e dores
Os instantes mágicos
Daquelas quimeras...
Que em nós se fazem primaveras...
Ou dos momentos ausentes...
Que entorpecem de frio
O inverno das despedidas...
Em mim alternam-se imagens:
Sorrisos que traduzem alegria,
Lágrimas que debulham agonia...
Máscaras que revelam muito de mim...
Que disfarçam tudo o que sou...
Camaleonicamente...
Transmuto-me...
Lagarta em borboleta...
Borboleta em flor...
Flor em espinho...
Espinho em dor...
Dor em amor...
Em cada face oculta,
Duelam o bem e o mal...
Esgrimam o real e a fantasia...
Em cada face lívida,
Traduzem-se as sombras do medo...
Duelam o querer e o ser...
Esgrimam-se a vontade e a nostalgia...
Nas máscaras que me veem,
Perco-me tão vazia de mim...
Nas faces que me tornam invisíveis...
Um ser multifacetado...
Dividido em muitas máscaras...
Espelhado em muitas faces...
Desencontrado da sua quintessência...
Real em sua forma desengonçada...
Surreal em sua leveza...
Que lhe permite
Alçar voos e tocar as nuvens...
Embalar-se nos acordes angelicais...
Enigmas: quem sou?
Por que sou?
Onde estou?
Para onde vou?
Respostas que se perdem no vácuo...
Que ecoa dentro de mim...
Repito nomes...
Ouço vozes...
Em meio a tantas
A Esfinge do sonho me dita:
“Decifra-me ou te devoro”!


domingo, 3 de junho de 2012

Meu amor, meu pequeno....



Deixe abertas
As janelas d’alma.
Nelas se refletem
Intocáveis memórias,
Embalando sonhos,
Lapidando histórias...

Sabedoria rara
Olvida degraus,
Amplia horizontes,
Revela no olhar
Espelhos tantos,
Saudades incertas...

Cobre-nos de luz
Urdidura única
Nas cores certas
Nuanças singulares
Iluminam a vida...
Na sintonia divina...
Guardando tons
Harmonizando sons
Aprende e ensina
Milagres de amar!