quarta-feira, 28 de março de 2012

Olhar de Anjo


Num sonho vejo uma imagem...
Um anjo me seduz,
Levando-me numa viagem,
Como barco, seu olhar me conduz.

Olhos da cor do mar,
Com a cor do céu se confluindo.
Espelho d’alma que me faz sonhar,
Dançando, encantando e seduzindo...

No céu, chuva prateada...
No olhar, horizontes se fundem...
Beleza da lua, de estrelas rodeada...
Voo de asas que se unem.

Olhos que buscam...
Procurando encontrar
Sonhos que bradam
Nas palavras que ousou cantar.

Brincam com o vento,
De mãos dadas comigo.
Tentando ouvir o pensamento,
E as respostas do destino...

Onde estás, anjo meu?
Que direção meu barco deve seguir
Na procura desse azul só seu?
Pois tudo que quero é fazer-te sorrir.

Azul dos olhos de anjo.
Azul do céu... eterno.
Azul do mar... profano.
Azul a mim... incerto.

Olhos que te buscam,
Procura que não se acaba.
Vozes que não se calam,
Sonhos que me levam...

Ao encontro que há de vir,
No azul de um olhar.
Presença para sentir,
No toque que me faz sonhar.

Olhar que espera por mim.
Só o coração tem certeza,
Concretizações por um sim...
Azul do horizonte: céu e mar plena beleza! 

segunda-feira, 26 de março de 2012

Segredo




Com as flores das palavras mais belas,
queria eu enfeitar o presente de sua vida,
Mas sou apenas um poeta amador
que debulha palavras de um coração sonhador...
Busco e não encontro imagem,
contorno, presença...
Em seu lugar apenas solidão,
saudade, ausência...
Seus braços procuro,
porém me abraçam suas lembranças...
Seus lábios espero,
mas quem me beija é a saudade...
Busco seu toque,
pareço escutar sua voz...
Porém só alcanço um sonho,
um murmúrio do vento
que se perdeu no tempo...
Tempo que insiste em brincar conosco,
apressando-se tanto quando estamos juntos
e emperrando quando não estou nos seus braços.
Palavras guardo no coração,
parecem explodir
quando seu toque incendeia  o corpo
e arrepia a alma...
Sinto sufocar em mim
verdades que precisam desatar
os nós de um sentimento
que arrebenta a represa do ser,
que se fechou numa redoma de medos.
Ando pelas ruas vazias,
em busca de uma forma de me revelar
e não me arrepender dos desígnios insanos
desse meu pobre coração...
Minha resposta está nas estrelas...
que como flores enfeitam e encantam,
Está no perfume...
que para mim se apresenta envolvido
na delicada brisa do entardecer,
Está na chuva...
que molha meu rosto
e lava minh’alma...
A resposta está nos olhos...
que não conseguem esconder
o silêncio das palavras
que nunca são ditas...
Está em algum canto qualquer...
e que na verdade
não precisa mesmo ser dita
porque...
Está em mim...
na minha maneira de ver e viver...
A verdade está aqui dentro...
esperando que você abra a porta
e permita-se ver a vida
com os olhos da simplicidade.
Em mim saudade...
Das palavras perdidas no silêncio,
de confissões 
que precisam desatar as emoções
que se prendem 
nos laços dos sonhos perfeitos.
Aqui, bem lá no fundo de mim,
trago um segredo...
Segredo que os olhos revelam
no silêncio que se perde o desejo...
Medos que se desfazem
no toque nos seus dedos.
Esse segredo revela muito mais
do que se pode imaginar...
Revela verdades da alma que sou...
Da busca que travamos no âmago,
pois não se contenta com o que efêmero,
Mas não se sente digno de ser eterno.
Resgata no pensamento a rosa da emoção
que em meio a rotina,
jaz ali jogada ao chão...
Sinta o perfume que ela emana para você...
Pare, olhe, veja, escute...
No silêncio perdem-se palavras...
Palavras que talvez precisam ser ditas...
Palavras perdidas,
que na arca da alma envolvem um coração...
Apenas palavras de amor!
Silêncio... 
Segredo...


sábado, 24 de março de 2012

Valsa da vida



Hoje senti uma vontade intensa
de desabar minhas palavras sobre ti...
Queria nesse instante a canção perfeita,
para enfeitar de música as palavras
que desenho aqui...
Queria a mágica poesia dos grandes poetas
que desfilariam para ti
as palavras certas
para dizer o que meu coração ferido
tem tanta dificuldade e medo de dizer...
Queria poder olhar-te nos olhos
e revelar-me a ti,
despir-me das muralhas do medo
e apresentar a ti o reflexo do que sou,
a transparência do que ainda restou de mim...
Mas a minha mortalidade amadora
e meu atrevimento comedido
desfilam palavras e emoções
apenas para me permitir respirar...
Sempre vago no meio do nada,
em busca das respostas
que me trouxeram até aqui,
muitas vezes me sinto só
e tantas são as vezes
que mergulho em busca de uma tábua de salvação...
qualquer que seja ela ou onde esteja
desde que meus olhos possam vislumbrá-la...
Fiquei a imaginar loucuras,
a preencher o meu vazio pelas muitas possibilidades de ti,
mas agora só me resta um vazio sem igual,
marcas de ilusões desfeitas,
de sonhos inacabados
e de uma saudade
que não consegue ser mais que saudade...
Hoje eu me permiti ver
o que minha alma tem medo de ser,
as decepções amargam-me a boca
e o gosto do fracasso tantas vezes
fez-me sufocar o doce perfume dos sonhos...
Por isso me sinto tão sem rumo,
tão sem saída...
Desejo sufocar o passado
que me martiriza...
que entorpece a minha capacidade de mudar...
Sinto saudades do que fui...
A ausência de mim mesma
desperta uma aterrorizadora solidão...
Preciso encontrar no âmago
a alegria que adormeceu meus sonhos...
A realidade precisa de esperança
E eu não sei onde estou...
Meu invólucro físico
aprisiona a alma errante...
Despejo sobre o vazio
as palavras que escrevem meu agora...
Queria ouvir o som de uma voz
que calei na despedida...
Queria sentir o toque
que ficou na esquina de um olhar...
Ouço o eco do passado a me chamar...
Olho para o baú de reminiscências
e pergunto:
Onde deixei a chave dos meus sonhos?
Esqueci-me, perdi-me de mim mesma...
Procuro o sorriso que se foi contigo...
As lágrimas persistem em molhar
com sua chuva entrecortada de soluços
o coração desventurado
que taciturnamente bate aqui dentro...
Há um eco explodindo dentro de mim
uma voz que ora se alteia
ora se cala...
Às vezes não compreendo o que fala,
Mas  gosto da música das palavras
que dançam sob o meu olhar
Onde está a voz que entonava a canção?
Viajando pelos recônditos da alma
Deparo-me com um olhar triste,
sem lágrimas, sem sonhos...
que se despediu da esperança
Mas que ainda espera 
o momento de sufocar a saudade...
da ânsia dos beijos,
das mãos gélidas,
do coração descompassado...
Em algum lugar ainda há um olhar...
que me sorri...
que espera meu sorriso
para ver desabrochar
a primavera dos sonhos
e juntos evidenciar o perfume,
enquanto dançamos a valsa da vida!

terça-feira, 20 de março de 2012

Espelho quebrado


Diante da tela vazia
meu coração clama por palavras
que ainda não sei onde estão.
Procuro nos confins de mim mesma
a resposta para o vazio de agora
e só encontro um eco
a eclodir desejos, medos e sonhos...
Salto por entre os sonhos,
dedilho teclas,
rascunho imagens nas palavras
que debulham aos meus olhos,
que se escondem por trás dos meus medos.
Sou esse louco
que taciturnamente
persiste a ouvir o coração,
tolo, sem juízo, mas verdadeiro.
E nas transparências do que sou,
escondo a mulher
que verdadeiramente existe,
pois há tanto de mim nas minhas palavras
e tão pouco ainda revelado
nos sons que elas produzem.
A pequenez de agora
esconde os assombros da memória
e o medo de ser eu mesma se alteia
no papel branco...
que compõe os versos de minh’alma.
Sou como o barco a velas
que o vento conduz,
sem rumo, sem norte,
mas com a certeza de que nada existe
sem sonhos ou metas.
Ainda não há um porto
para ancorar meus receios,
nem tão pouco podem explodir desejos.
Falta-me a mão que passeia comigo,
ou por mim,
que desvaira e me faz desvairar...
Falta-me o abraço sincero,
o suspiro de saudade,
a lágrima de despedida
que terá a minha integridade e verdade.
Falta-me a face
que desenhará certezas,
que contornará temores,
que permitirá terremotos sísmicos. 
Falta-me o sonho
que perturba meu sono.
Falta-me o som de uma voz
a invadir meu tenebroso silêncio.
Falta-me uma presença
que preencherá 
essa tão prolongada ausência.
Sou um ser aprendendo 
a conviver consigo mesmo,
a vencer medos,
a subir degraus,
a se ver falho,
pequeno
e ao mesmo tempo invencível...
Sou esse ser
que ainda não se convenceu
de que a vida tem espinhos,
mas também perfumes...
Sou o olhar dissimulado
que interroga sem palavras,
a voz que se alteia
e que se cala para ouvir o coração.
Sou o fragmento
que se decompõe
na poeira da ampulheta
e que se reconstrói
no reflexo do espelho quebrado.
Sou o medo desfeito,
o desejo perfeito
em busca desse sonho rarefeito.
Diante de mim,
apenas palavras desvelam-me,
descortinam e camuflam a insipidez de agora,
a falta de nitidez
que torna tão cinza os meus dias
e tão desventurosa a minha jornada.
Sinto vontade de, aladamente,
cavalgar pelas minhas emoções
e encontrar não apenas a faísca de minha fuga,
mas o destino similar de outrora,
que levou a imagem
e deixou a saudade.
É preciso se ver sem fugir,
aceitar a sombra
e bem dizer a luz.
Tocar e desvendar segredos,
sem ferir ou ser ferido.
Viver é um aprendizado único...
e é preciso aceitar os desafios,
ser nós mesmos,
destituídos de medos ou máscaras,
verdadeiramente íntegros,
porque somos únicos,
somos tudo e nada ao mesmo tempo.
Estamos aqui,
mas não da forma que nos vemos.
Vivemos o milagre,
a dádiva de sermos humanos e eternos.
E a profundidade do que somos
não permite enxergarmos o reflexo
que traduz a nós mesmos.
Vemo-nos pelos cacos de um espelho irreal.
Vemos um espelho quebrado...
construindo um quebra-cabeça de formas e planos.
Não conseguimos juntar as peças
e nos ver como verdadeiramente somos,
por isso perambulamos
pelos segredos da alma
em busca de respostas e/ou esperanças.
Incompreendidos e incompletos...
buscando pedaços
de um espelho quebrado...
de um ser único!

sábado, 17 de março de 2012

Amantes



Estive tantas vezes nos teus braços,
Beijei teus lábios, 
afaguei teus cabelos
e toquei a ti 
como se toca num sonho...
Sei que tu és real...
posso sentir teu cheiro, 
mesmo quando não estás.
O gosto dos teus beijos 
ainda me queima a boca...
O desejo ainda queima a pele 
que anseia por ti.
que não aceita ninguém.
que quer despertar com o teu toque.
Paixão é toda a dimensão 
do que venho sentindo,
Gostaria que sentisses 
algo parecido por mim...
Por tudo isso é difícil explicar a saudade,
que não precisa de muito tempo
para se fazer notar...
principalmente...
na loucura que nos faz delirar...
Cada vez que estamos nos braços um do outro,
Ensandecidos de desejo, 
loucos de amor...
Somos amantes buscando saciar
nos corpos a ausência da alma,
Amantes de alma
que se conhecem de outras eras,
que se buscam desde tempos remotos...
Complemento de sonhos passados,
Pedaços de nós mesmos
Perdidos por entre o tempo,
em meio a eternidade!