Escrever para mim, sempre foi passar
minh’alma a limpo.
Talvez por isso mesmo, nos últimos dias,
tenho encontrado dificuldades de traduzir-me em palavras...
Talvez por isso mesmo, nos últimos dias,
tenho encontrado dificuldades de traduzir-me em palavras...
Talvez fosse necessário silenciar o
coração,
mas não podemos calar a alma que fala,
que grita para ser ouvida nos confins de
nós mesmos.
As palavras muitas vezes não nos bastam,
outras se fazem intrusas de nossas
emoções,
escondem-nos, mas também nos revelam,
como um jogo de espelhos,
que projetam os seres que somos.
que projetam os seres que somos.
A face que muitas vezes preferimos
esconder
contorna-se nitidamente do dedilhar das
letras,
na sequência infinita dos sons
que se harmonizam em significado.
Escondi cá dentro meu poeta fosco,
mas ele não sabe pedir licença,
ele se faz presença...
desfaz-se em contornos pouco sutis,
em nuanças ora indefinidas ora coloridas.
Esse poeta de palavras toscas
ergue-se novamente dentro de mim
e me invade inteiramente...
Deixo me levar pelas emoções mais loucas
que ele sussurra aos meus ouvidos...
Choro de saudade
e rio com as descobertas que fazem de
mim
vampiro de mim mesma.
Preciso da voz que me fala calmante,
preciso do silêncio que me corrói a alma
e que, de repente, dilacera-se em
multifacetadas palavras...
Não adianta aprisionar a alma errante,
ela não aceita o cálice (cale-se) do
silêncio.
Ela precisa se inebriar com o vinho
enfeitiçado da paixão,
precisa desvairar-se na dissonância da
realidade,
precisa se dissipar no profundo abismo do meu ser...
Não posso me conter diante do papel
branco
que espera pelas minhas palavras,
não posso deixar de desenhar, à tinta,
as emoções ensandecidas
que invadem a minha alma perdida.
Pobre poeta...
que chora no cárcere das ilusões...
Belas são suas palavras,
belas e tristes como as lágrimas,
profundas como a dor
e negras como uma noite sem luar.
Ah, poeta!
Como se fazem frios os dias
sem as suas palavras,
sem a sua eloquência,
sem a sua verdade
que na efemeridade encontra razões
tantas.
Como se fazem pequenas as mãos
que esqueceram sua voz.
Como se fazem tristes olhos
que não mais contemplam a sua paixão.
Poeta, pobre poeta dos sonhos!
Devaneios multicores
que enfeitiçaram o horizonte
desvanecem ao amanhecer
e não mais encontram o seu olhar
profundo e apaixonado.
Caríssimo poeta,
perdoe-me por ter esquecido na arca do
tempo
as horas que você roubou na ampulheta da
vida.
Perdoe-me por amar sem palavras,
amar sem poesia,
esquecer seu fascínio aprisionado nas
lembranças.
Perdoe-me, amigo,
por ter deixado que você ficasse,
por tanto tempo, afastado de si mesmo,
afastado da alma que lhe permite alçar voo
em busca de sonhos.
Tenha certeza de que as mãos
que tocam agora a sua face no espelho
são as mesmas que se rendem à sua paixão
devastadora.
Que as palavras que se desmancham nas
sombras
levem para sempre a tristeza e a
solidão,
porque de agora em diante,
você terá ao seu alcance todas as
palavras,
todas as emoções,
só será preciso colar os cacos do
mosaico
que deixamos multifacetar no cárcere da
saudade.
Liberto-lhe dos grilhões,
pode caminhar tranqüilo em busca do seu
destino,
se quiser sigo com você,
porque aprendi a amar a arte das
palavras,
aprendi a me fazer emoção,
a ser como as palavras: dor e paixão.
Estou aqui,
braços abertos,
ouvidos atentos,
esperando por você.
Esperando cada uma de suas palavras
que me embriagam de sentido, de vida.
Estou aqui,
toque minhas mãos,
sussurre aos meus ouvidos os seus
desejos,
porque você é uma parte da minha alma,
é a parte de mim que precisa falar,
que não pode mais se calar.
Você é a parte mais bela de mim mesma,
que eterniza as emoções,
que apresenta canções,
que debulha lágrimas e orações...
Você poeta...
é a parte de mim,
que não vai ser esquecida,
que vai se eternizar nos sons,
nas formas e nas cores das emoções
que desenhas com suas tantas palavras.
Aqui estou,
caríssimo poeta,
entregue às suas palavras,
perdida nas emoções que você traz para
mim,
pois metade de mim se faz poesia
e a outra encontrou-se na poesia
que a magia do tempo nos faz
compreender,
em cada grão de areia
que desliza suavemente na ampulheta do
tempo.
Obrigada por sua visita e também por suas sábias e abençoadas palavras. Desejo a você um Feliz Natal e um Próspero 2012 repleto de realizações.
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